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Cientistas detectam sinais de rádio vindos do subsolo da Antártica

Pulsos detectados por experimento da NASA parecem vir de partículas que atravessaram a Terra, mas novo estudo contesta essa hipótese e amplia o mistério

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 jun 2025, 11h00

Dois eventos intrigantes registrados por cientistas deixaram a comunidade científica perplexa. Em 2006 e 2014, um experimento da Nasa chamado ANITA — um conjunto de antenas lançado por balão sobre o continente gelado — captou sinais de rádio vindo do gelo. Mas havia algo estranho: os sinais não estavam refletindo do solo como esperado, e sim pareciam emergir de dentro da Terra, o que é fisicamente muito difícil de explicar.

Esses pulsos se pareciam com os produzidos por chuvas de partículas causadas por raios cósmicos, que normalmente vêm do espaço e colidem com a atmosfera. O problema é que, nos dois casos, os sinais subiam em ângulos muito inclinados, como se tivessem atravessado o planeta de lado a lado — algo que só partículas muito especiais, como os neutrinos, poderiam fazer.

Por que os neutrinos não explicam o fenômeno?

Os neutrinos são partículas quase sem massa, que passam por pessoas, prédios e até planetas sem deixar rastro. Um tipo específico, o neutrino tau, poderia até interagir com o gelo e gerar um sinal como o observado. Só que, para isso, ele teria que cruzar milhares de quilômetros da Terra sem interagir com nada — o que é estatisticamente improvável, mesmo para um neutrino.

Além disso, apenas um dos sinais coincidiu com uma possível fonte no espaço, como uma supernova. O outro não tem nenhuma explicação plausível. Isso levou cientistas a investigar se havia outras formas de gerar esse tipo de sinal — ou se, quem sabe, algo totalmente novo estava por trás disso.

O que diz o novo estudo?

Para testar a hipótese dos neutrinos, uma equipe internacional de físicos analisou dados do Observatório Pierre Auger, na Argentina — o maior detector de raios cósmicos do mundo. Eles buscaram eventos semelhantes aos do ANITA em 14 anos de registros e não encontraram nenhuma ocorrência compatível. Segundo os cálculos, se os sinais da Antártica fossem causados por partículas reais, o observatório deveria ter detectado dezenas de eventos parecidos.

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Como isso não aconteceu, o estudo – publicado na revista Physical Review Letters — praticamente descarta a hipótese dos neutrinos e indica que os sinais não vieram de partículas conhecidas. Isso não significa que se trata de um erro, mas sim que há algo ainda não compreendido acontecendo.

E agora, o que pode ser?

Uma das possibilidades é que os sinais tenham sido causados por algum tipo de distorção ou efeito físico pouco conhecido que ocorre perto do gelo. Outra, mais ousada, é que sejam o indício da existência de uma nova partícula subatômica, não prevista pela física atual. Mas, por enquanto, são apenas hipóteses.

A próxima esperança é um novo experimento chamado PUEO, sucessor do ANITA, que será lançado em breve com equipamentos mais sensíveis. Ele poderá confirmar se esses sinais misteriosos são reais — e, quem sabe, revelar algo totalmente novo sobre o universo ou sobre o próprio planeta. Até lá, o que vem do gelo da Antártica continua sendo um mistério.

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