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A crosta terrestre ainda se move por causa de um lago que secou há 60 anos

Desaparecimento do Mar de Aral desencadeou um lento processo de deformação que ainda afeta a região, décadas após tragédia causada por irrigação soviética

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2025, 21h30 - Publicado em 7 abr 2025, 12h00

O Mar de Aral já foi o quarto maior lago do mundo. Mas, desde os anos 1960, sua água desapareceu quase por completo após um projeto soviético que desviou os rios que o alimentavam para irrigação de plantações de algodão. O que restou foi uma paisagem desolada de deserto e sal. O que ninguém imaginava é que, décadas depois, o solo da região ainda estaria em movimento.

Segundo um estudo publicado na revista Nature Geoscience, a superfície da crosta terrestre ao redor da antiga bacia do Mar de Aral continua subindo lentamente, a uma taxa de até 7 milímetros por ano. O levantamento se espalha por mais de mil quilômetros e está longe de acabar. Os cientistas explicam que o sumiço da água aliviou o peso sobre o solo, fazendo com que ele começasse a se reerguer — um pouco como um colchão que volta à forma depois que alguém se levanta.

Mas o mais impressionante é que essa recuperação não acontece só na superfície. O estudo revela que rochas a mais de 150 quilômetros de profundidade, na chamada astenosfera, também estão reagindo. Essa camada do interior da Terra, logo abaixo da crosta, tem um comportamento parecido com o de um fluido extremamente lento. Quando a pressão muda, ela começa a se mover, provocando uma elevação contínua da crosta terrestre por cima.

Como os cientistas descobriram isso?

A equipe analisou imagens de satélite feitas entre 2016 e 2020 com uma tecnologia chamada InSAR, que permite medir deformações do solo com precisão milimétrica. Eles identificaram um padrão claro de elevação, centrado na região do antigo Mar de Aral, e compararam os dados com simulações sobre como o interior da Terra responde à perda de peso na superfície.

Os resultados indicam que o manto terrestre nessa região é mais fraco do que se pensava. Sua viscosidade — uma medida de resistência ao fluxo — está entre 4 e 7 × 10¹⁹ pascal-segundo, um valor relativamente baixo para áreas distantes de terremotos ou vulcões. Isso ajuda a explicar por que a resposta da Terra ao desaparecimento do lago foi tão grande e duradoura.

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O que isso revela sobre o impacto humano?

O caso do Mar de Aral é conhecido como uma das maiores tragédias ambientais do século XX. Mas agora os cientistas mostram que os efeitos não ficaram só na superfície. A intervenção humana foi capaz de afetar até mesmo o manto do planeta, a dezenas de quilômetros de profundidade.

Segundo os autores, o estudo abre uma nova janela para entender como o interior da Terra se comporta. Até então, esse tipo de análise era feito principalmente em áreas com terremotos ou onde o gelo derreteu após eras glaciais. Agora, os cientistas usaram um desastre causado por humanos como um “experimento natural” para investigar as profundezas da Terra.

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