Novo capítulo da novela de Nando Moura e vídeos desmonetizados no YouTube
E ainda: detalhes de algumas atualizações que deixaram mais rigorosos os critérios para excluir publicações no site de vídeos
Três dias depois de reclamar que alguns de seus vídeos teriam sido desmonetizados no YouTube, Nando Moura voltou a falar do assunto no domingo (num vídeo que eu já havia visto, deixo claro). Nele, reclama daqueles que teriam dito que todo o seu canal foi desmonetizado – o que não seria, por exemplo, meu caso, que segui a análise em cima do que Moura mesmo já havia dito, de que havia parado de verter anúncios para alguns dos posts de sua plataforma. Havia desprezado a briga entre os youtubers e feito a avaliação em cima do que se desmonetiza (incluindo aí outros canais, como o de Felipe Castanhari, rival ideológico de Moura), e do que é excluído do YouTube. E se as regras seriam justas. Porém, agora informações mais curiosas foram descobertas.
A primeira delas é que dentro do próprio Google (dono do YouTube), Moura virou piada. Ele reclamaria, no final, à toa. Teria esperneado pelas “9 páginas” de vídeos desmonetizados, que ele mesmo mostrou; mas, na real, isso representaria uma parte pequena de todo o conteúdo que já disseminou pelo site. Também se queixou que essas publicações seriam completamente desmonetizadas. No entanto, parece que não é bem isso: a maioria só teria sido tida como de conteúdo impróprio para a maioria dos anunciantes (mas alguns que não se importariam com isso poderiam ainda aparecer, eventualmente, nos vídeos).
Então, do que se trataria o escarcéu feito por Nando Moura no último dia 21 em seu próprio canal? Nos bastidores, o que se corre é que ele estaria, por qualquer razão ainda enigmática, achando-se perseguido por funcionários do YouTube que, dentro dessa teoria conspiratória, não concordariam com a linha ideológica apresentada por ele em seu canal. Por isso, ainda dentro da tese de bastidores, esses funcionários estariam podando, sabe-se lá como, a repercussão dos vídeos.
O YouTube é regido por um algoritmo. Algoritmos não são neutros, é verdade, pois estes são formulados por pessoas. No entanto, a pergunta que fica é: como raios esse algoritmo estaria limitando o alcance de Nando Moura? Será mesmo que se estariam adotando táticas, que prejudicariam uma empresa estadunidense multibilionária e seus resultados financeiros caso fossem descobertas, para podar seguidores de um youtuber brasileiro que nem figura no ranking de mais seguidos e vistos?
Enfim, enquanto essa fofoca rolava solta nos limites das paredes da internet brasileira, o YouTube mudou, ontem à noite, suas diretrizes globais. Agora, está mais rigoroso. Em teoria, e por exemplo, bastaria um youtuber falar um palavrão em seus vídeos para ter a publicidade cortada no mesmo – o que tem potencial para prejudicar o rendimento de youtubers como Nando Moura, Júlio Cocielo, dentre outros, de diversas vertentes e pensamentos, que costumam usar linguajar de tal linha.
Além disso, também ficou, digamos assim, mais fácil e rápido ter um conteúdo simplesmente deletado do site. Caso daqueles que ferem direitos autorais – categoria na qual se encaixam algumas das produções de Felipe Castanhari, por exemplo. Os chamados “strikes” (avisos, numa tradução livre) seriam rápidos, sequentes e poderiam logo derrubar um post que fosse tido como contra as regras do jogo.
O YouTube age assim não por se preocupar com o que raios falam youtubers brasileiros. Muito menos por dar qualquer importância à divisão política brasileira. Mas, sim, para não ter seu bolso prejudicado.
Ocorre que, saindo do universo dos youtubers “br”, o YouTube tem desgastado a relação com uma penca de anunciantes. As marcas não têm gostado de ver seus produtos colados a vídeos que muitas vezes em nada representam a imagem que querem passar – e, em não tão raras ocasiões, chegam a ser associados a crimes. Por isso, algumas empresas divulgaram que podem até deixar de investir no YouTube.
Frente à ameaça financeira, o Google resolveu se mexer para aumentar a severidade e inflexibilidade das regras que regem sua comunidade de usuários. E isso em nada tem a ver com o esperneio de alguns “influencers” do lado de cá do continente americano.
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