Jennifer Lawrence e Tina Fey vão à guerra
Hollywood anda muita interessada em histórias de correspondentes de guerra — em especial, protagonizadas por mulheres. Talvez porque tantos jornalistas tenham sido chamados de volta de suas temporadas no exterior e, para colocar a cabeça em ordem, escreveram livros sobre suas experiências. Com a saída, ao menos oficialmente, das tropas americanas do Afeganistão e do Iraque e […]

Hollywood anda muita interessada em histórias de correspondentes de guerra — em especial, protagonizadas por mulheres. Talvez porque tantos jornalistas tenham sido chamados de volta de suas temporadas no exterior e, para colocar a cabeça em ordem, escreveram livros sobre suas experiências. Com a saída, ao menos oficialmente, das tropas americanas do Afeganistão e do Iraque e com o fim do grande ciclo de revoltas da Primavera Árabe, há menos conflitos de grande interesse para serem documentados. Sobrou a guerra civil da Síria, que é considerada perigosa demais para a maioria dos veículos de comunicação arriscarem seus repórteres, e os conflitos de longo prazo da África, que sempre tiveram atenção apenas sazonal da imprensa mundial.
Não é fácil se reinventar como jornalista depois de meses, às vezes anos, cobrindo guerras. Foi o que descobriu Kim Barker, ex-chefe da sucursal do jornal americano Chicago Tribune no Sul Asiático. Ela conta em entrevista ao The Guardian, da Inglaterra, que entre procurar um psicólogo e escrever um livro, optou pelo segundo. O resultado foi “The Taliban Shuffle”, cuja adaptação para o cinema estreou este ano com o título Whiskey Tango Foxtrote. A atriz e humorista Tina Fey faz o papel de Kim. No filme, a personagem principal é retratada como uma repórter de TV que cai meio que de paraquedas na cobertura da guerra do Afeganistão e protagoniza cenas ridículas, como ao pedir para um comboio militar parar no meio de uma estrada em uma área de conflito para urinar. A seriedade da guerra é apresentada aos poucos para o espectador, entre cenas de paqueras e de bombardeios.
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A adaptação que o cineasta Steven Spielberg está fazendo da biografia da fotógrafa Lynsey Addario promete mais. It’s What I do (“É isso que eu faço”), que ainda não tem previsão de estreia, terá Jennifer Lawrence como protagonista. O livro de Lynsey, uma das melhores fotógrafas de áreas de conflito da atualidade, acaba de ser lançado no Brasil pela editora Intrínseca. Vale a leitura, enquanto o filme não sai.
Na categoria documentário, destaca-se Jim: The James Foley Story (“Jim: A História de James Foley”), produzido pelo canal HBO. Foley foi o primeiro jornalista a ser assassinado de forma brutal e diante das câmeras pelo Estado Islâmico, na Síria, em 2014. O documentário é interessante, entre outras coisas, por expor a nova realidade da cobertura de conflitos, com a prevalência de repórteres freelancers (sem contrato fixo e de exclusividade com as empresas de comunicação e agências) e os riscos redobrados de sequestro. (O filme contém imagens cedidas pelo fotógrafo brasileiro André Liohn, com quem escrevi o recém-lançado livro “Correspondente de Guerra”.) No YouTube é possível assistir ao documentário na íntegra, por partes, clicando aqui.
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