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100 Loucos Anos

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Um século da aventura olímpica parisiense
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Episódio 4: Era uma vez a primeira “Copa do Mundo”

O futebol masculino virou patinho feio dos Jogos. Vale então lembrar a incrível Celeste uruguaia que inventou a volta olímpica

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jul 2024, 11h00

Um acontecimento de 1924…

Nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, o barão Pierre de Coubertin fez incluir competições de pintura, escultura, arquitetura, música e literatura – um “pentatlo das musas”, nas palavras do bigodudo francês. “A partir de agora eles farão parte de cada olimpíada, em pé de igualdade com as competições esportivas”, disse Coubertin. A ideia durou até 1948, quando os cartolas do COI decidiram enterrá-la, porque os artistas eram todos profissionais. Mas nunca, como em Paris, há cem anos, a disputa de compassos, pinceis, lápis e canetas teve tanta relevância. A medalha de ouro em pintura ficou com um ilustrador de jornais de Luxemburgo, Jean Jacoby, autor de um tríptico com representações esportivas: futebol, rúgbi e atletismo. Duas delas – a de futebol e rúgbi– estão guardadas no acervo técnico do Museu Olímpico em Zurique, na Suiça. A de atletismo se perdeu. O desenho do esporte bretão é chamado “Escanteio”. Mostra uma disputa de bola na pequena área, um time de azul, outro de vermelho, o goleiro de boné. Perto do que Picasso e cia. andavam fazendo, soa um tanto pueril, convencional em demasia, mas convém lembrar que em 1928 Jacoby ganharia o bicampeonato dourado. 

O escanteio de Jacoby, vê-se pela imagem, não resultou com a bola na rede, não foi um gol olímpico, portanto. A expressão “gol olímpico”, aliás, surgiu em 2 de outubro de 1924, num amistoso entre Argentina e Uruguai, em Buenos Aires. O autor do gol foi o atacante argentino Cesáreo Onzari, na vitória por 2 a 1. Com ironia, porque os uruguaios tinham acabado de ganhar o torneio dos Jogos de Paris, os adversários trataram de criar a alcunha jocosa – se os derrotados tinham subido ao pódio, então aquele tento seria “olímpico”. Volte-se então cinco meses no tempo: que olimpíada extraordinária fez a Celeste, que então passou a ser chamada de “olímpica”. No Uruguai, a competição é tratada como se tivesse sido a primeira Copa do Mundo, que começaria oficialmente apenas em 1930. 

(Eingeschränkte Rechte für bestimmte redaktionelle Kunden in Deutschland. Limited rights for specific editorial clients in Germany.) Frankreich - Uruguay im Stade de Colombes - Die uruguayanischen Spieler jubeln gemeinsam nach ihrem Sieg auf der Aschenbahn den Zuschauern zu. (Photo by ullstein bild/ullstein bild via Getty Images)
A volta olímpica do Uruguai: a celebração mítica de um time imbatível, que venceu todos os jogos (//Getty Images)

Os uruguaios venceram todos os cinco jogos do torneio. Ganharam da Iugoslávia por 7 a 0; de 3 a 0 dos Estados Unidos, de 5 a 1 da França, de 2 a 1 da Holanda e, na final, atropelaram a Suíça em 3 a 0. E então deram a volta olímpica. Nos Jogos de 1928, em Amsterdam, seriam bicampeões. Não por acaso, a camisa oficial da seleção exibe, hoje, quatro estrelas – as dos títulos de 1924 e 1928 e a dos mundias de 1930 e 1950. 

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… e um “não acontecimento” de agora

Pode acontecer algum gol olímpico, do córner, agora em 2024, embora seja difícil, e é certo que ao menos duas seleções darão a volta olímpica no Parque dos Príncipes. As mulheres fazem a final em 10 de agosto. Os homens, um dia antes. E, numa bela virada histórica – lembremos que Coubertin considerava a participação feminina “impraticável” – o torneio delas, que começou apenas em 1996, é muito mais interessante que o deles (apesar da bobeada de Marta e cia. contra o Japão).O Brasil de Endrick e cia. nem mesmo chegou a Paris. A Argentina não levou Messi. A França não tem Mbappé. O futebol virou patinho feio olímpico, premido por interesses pecuniários muito mais fortes, pelo calendário dos clubes, pela força da grana. 

RECIFE, BRAZIL - JUNE 1: Marta Vieira of Brazil (C) celebrating her goal with her teammates during the Women’s International Friendly match between Brazil and Jamaica at Arena Pernambuco on June 1, 2024 in Recife, Brazil. (Photo by Chico Peixoto/Eurasia Sport Images/Getty Images)
O torneio feminino é muito mais interessante que o masculino: vitória (Chico Peixoto/Getty Images)

No episódio de quinta-feira, dia 1º de agosto: a revolução de Picasso e as piruetas de Simone, Rebeca e cia.

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