Vírus da dengue e da zika mudam cheiro das vítimas para atrair mosquitos
Cientistas de universidade chinesa descobriram que doenças aumentam produção de componente químico que transforma odor e atrai insetos
Sem a ajuda de um vetor, os vírus da dengue e da zika não fazem vítimas e não prosperam. Traduzindo a linguagem científica, eles precisam da ajuda dos mosquitos para se transportar do sangue de seus hospedeiros humanos e infectar outros. Como fazem isso é o que cientistas da Universidade Tsinghua, em Pequim, desvendaram em um estudo que está para ser publicado: por meio do cheiro.
O microbiologista chinês Gong Cheng e seus colegas descobriram que as pessoas doentes de zika e dengue desenvolvem um odor que atrai os mosquitos. Sabe-se que pessoas com infecções podem cheirar diferente. Indivíduos acometidos com Covid-19, por exemplo, podem ser detectadas por cachorros farejadores e equipamentos chamados de “narizes eletrônicos”. O mesmo acontece com a malária.
Para comprovar a tese, Cheng e seus colegas usaram gaiolas, ratos infectados com zika e mosquitos. Em um circuito com três cubículos interconectadas foram soprados ar com odor dos animais doentes e ar com odor de espécimes saudáveis. Também foram despejados insetos famintos, que em sua maioria – 70%, segundo os dados do estudo – foram para o recinto com o ar infectado.
Para determinar se os insetos são parciais para indivíduos com zika ou dengue, o microbiologista Gong Cheng, da Universidade de Tsinghua, e seus colegas montaram três gaiolas interconectadas para um experimento com camundongos. Em uma gaiola, eles canalizaram o ar que havia soprado em camundongos doentes com o vírus Zika. Uma segunda gaiola recebeu ar que fluiu sobre camundongos saudáveis. A equipe então adicionou mosquitos famintos à terceira gaiola e deixou que eles escolhessem onde ficar.
Os pesquisadores coletaram amostras de axilas de pessoas com dengue e descobriram que os humanos produzem mais o componente químico acetofenona quando estão infectados. Além disso, os mosquitos são mais atraídos por cotonetes embebidos com suor de pessoas com dengue do que por não infectados.
Um novo caminho para diagnosticar essas doenças seria desenvolver “narizes eletrônicos” calibrados para cada tipo de doença. Outro método seria impedir essa atração dos mosquitos por meio de remédios.