Veja como a impressão 3D está aprimorando os ‘olhos de vidro’
Tecnologia é menos invasiva e pode substituir produção manual
Existe uma atividade artesanal importantíssima, mas pouco reconhecida: a construção de próteses oculares. À mão, o especialista tenta reconstruir os olhos dos pacientes, mas agora a tecnologia promete tornar esse processo mais rápido e eficiente.
Um artigo publicado nesta terça-feira, 27, no periódico científico Nature Communications descreve um método que utiliza tomografia óptica e impressão 3D para construir próteses oculares. “Os pacientes geralmente ficam muito satisfeitos com a aparência das próteses impressas, particularmente porque os detalhes e a combinação de cores da íris são muito bons”, disse a VEJA o autor do estudo, Johann Reinhard.
Como o processo funciona?
Tradicionalmente, o formato da cavidade ocular é feito utilizando uma massa moldável, semelhante a utilizada pelo odontologista para a construção de aparelhos dentais. Depois, o ocularista constrói a prótese manualmente, tentando replicar o formato e a cor dos olhos do paciente, um processo demorado e laborioso. A nova técnica escaneia o rosto do paciente e um método baseado em dados calcula o melhor formato da prótese, fazendo a impressão com cores e desenho fidedignos ao do paciente.
Estima-se que atualmente cerca de 8 milhões de pessoas precisam desse tipo de tratamento e o número cresce anualmente, por isso a nova técnica pode ser útil. “Usar a impressão 3D reduz drasticamente o trabalho do ocularista, que apenas ajusta e fornece a prótese”, afirma Reinhard. “Além disso, o uso do scanner óptico é muito mais confortável e menos invasivo para o paciente.”
A técnica é mesmo mais rápida?
De acordo com o pesquisador, a perda de um dos olhos é muito impactante para a autoestima dos pacientes, por isso a importância de tornar o processo o mais eficiente possível. Além de melhorar a experiência, o novo método também é surpreendentemente rápido: a impressão de uma única cópia leva cerca de 90 minutos e a construção simultânea de 100 delas não toma mais do que 10 horas.
A ideia veio a partir da necessidade de aproveitar o equipamento, pois o Instituto Fraunhofer de Pesquisa em Computação Gráfica tinha adquira uma impressora 3D colorida e precisava dar utilidade. “Este campo foi particularmente promissor porque envolve muito trabalho manual”, diz Reinhard. “Por isso decidimos fornecer aos pacientes próteses melhores e sem longos tempos de espera.”