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Uma anã marrom? Não, duas girando em torno uma da outra

Famoso objeto celeste descoberto em 1995 era, na verdade, uma distorção visual

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 out 2024, 19h00

Em 1995, astrônomos identificaram a Gliese 229B, uma autêntica anã marrom — objeto celeste com mais massa que um planeta, porém, não grande o bastante para ser considerado uma estrela. Recentemente, outro grupo de pesquisadores desvendou algumas das peculiaridades desse corpo subestelar — por exemplo, era surpreendentemente escura para seu tamanho.

Pesquisas recentes revelam que este corpo celeste é na verdade um sistema binário, consistindo de duas anãs marrons — designadas Gliese 229Ba e Gliese 229Bb — cada uma pesando cerca de 38 e 34 vezes a massa de Júpiter, respectivamente. Esses dois objetos orbitam um ao outro a cada 12 dias, explicando os baixos níveis de brilho observados anteriormente que não se alinhavam com sua massa.

As gêmeas giram em torno de uma pequena estrela a cerca de 18 anos-luz de distância — um ano-luz tem 9,46 trilhões de quilômetros. A descoberta foi feita usando instrumentos avançados no Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul no Chile. As observações revelaram que uma anã marrom está se movendo em direção à Terra enquanto a outra está se afastando, confirmando sua natureza binária.

As descobertas não apenas esclarecem discrepâncias entre massa e luminosidade, mas também aprofundam nossa compreensão das anãs marrons, que ocupam uma posição única entre estrelas e gigantes gasosos como Júpiter. “Gliese 229B foi considerada a anã marrom modelo”, disse Jerry W. Xuan, um estudante de pós-graduação envolvido no estudo. “Agora sabemos que estávamos errados o tempo todo sobre a natureza do objeto”.

Esta descoberta levanta questões intrigantes sobre a formação de pares de anãs marrons tão fortemente ligados e sugere que sistemas semelhantes podem existir em outras partes do universo. Explorações futuras se concentrarão na identificação de binários de anãs marrons em órbitas mais próximas usando telescópios avançados como o Keck Planet Imager and Characterizer. Os resultados do estudo foram publicados na Nature, marcando um avanço significativo na astrofísica subestelar.

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