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Um dos inventores do transistor era racista, diz revista científica

Editorial da 'Science' expõe faceta preconceituosa de William Shockley e diz que colocará aviso em textos sobre físico ganhador do Prêmio Nobel

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h17 - Publicado em 17 nov 2022, 16h01

Em 1947, os físicos americanos John Bardeen (1908 – 1991), William Shockley (1910 – 1989) e Walter Brattain (1902 – 1987) estavam trabalhando em um estudo sobre as propriedades do silício quando descobriram que o elemento tinha a propriedade de amplificar a corrente elétrica ou barrar a sua passagem. Assim nasceu o transistor, dispositivo que formou a base da maioria das tecnologias eletrônicas nos últimos 75 anos. Uma invenção tão revolucionária que permitiu o avanço de muitas facilidades cotidianas, como ler este texto em um computador ou um smartphone. Pelo feito, receberam o Prêmio Nobel de Física de 1956, um reconhecimento que projetou suas carreiras. No caso de Shockley, até demais. Na parte final de sua vida, o cientista usou o prestígio acumulado para escrever textos acadêmicos validando ideias racistas e a eugenia.

Em uma edição especial dedicada à efeméride do transistor, a revista Science publicou um editorial a respeito de Shockley e sua faceta preconceituosa. Assinado pelo químico e empresário americano Herbert Holden Thorp, editor-chefe da publicação científica, o texto reconhece as contribuições dele para o progresso da tecnologia e da indústria eletrônica. No entanto, Thorp não se furta a lamentar que nos seus últimos anos o cientista tenha se dedicado a promover ideias “argumentando que QIs mais altos entre os negros estavam correlacionados com maiores extensões de ascendência caucasiana e defendendo a esterilização voluntária de mulheres negras”.

Além de colocar uma lente de aumento nas posições condenáveis de Shockley, o editor-chefe da Science faz um longo mea culpa. Ele admite que a publicação não tratou o físico como aquilo que realmente havia se tornado, “um charlatão”. Já em 1968, a revista publicou uma carta em que se lamentava o fato de ele ter sido proibido de falar no Instituto Politécnico do Brooklyn, em Nova York, sob a justificativa frágil de que “estava simplesmente fazendo perguntas sobre o papel da raça na inteligência”. Mas ele simplesmente não tinha nenhuma base científica ou tese revisada para fazer tais afirmações.

Thorp afirma que o debate e a divulgação científicos não são os únicos objetivos de uma publicação como a Science. É preciso, diz ele, reforçar a ideia de que a defesa da humanidade orienta os seus princípios. “O processo da ciência é de revisão contínua, mas também deve ter consciência”, escreve. Ele nota ainda que, até 2001, Shockley era descrito nas páginas da Science como um dos inventores do transistor e “teórico racial”. “Isso não vai mais acontecer”, promete o editor-chefe. “A partir de hoje, um link para este editorial aparecerá junto com qualquer menção a Shockley nesta revista. Não cometa erros. Shockley era um racista. Shockley era um eugenista. Isso é tudo.”

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