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Um ano depois, meteorito que atingiu a Rússia é fonte de conhecimento

A explosão no céu nos Montes Urais possibilitou aos cientistas novas pesquisas e previsões mais precisas de colisões de corpos celestes contra a Terra

Por Da Redação
Atualizado em 22 jul 2020, 09h51 - Publicado em 14 fev 2014, 15h40

Em 15 de fevereiro de 2013, uma grande explosão cobriu o céu de uma região próxima à Chelyanbinsk, nos Montes Urais, centro da Rússia. Por volta das 9h20 (1h20 horário de Brasília), um grande meteorito viajando a cerca de 68.000 quilômetros por hora despedaçou-se em uma bola de fogo, poeira e gás a 27 quilômetros da superfície, estilhaçando vidraças e sacudindo prédios até 90 quilômetros de distância dos dois lados de sua trajetória. A luz emitida foi até trinta vezes mais brilhante que a do Sol e pôde ser vista a uma distância de até 100 quilômetros – raios ultravioletas causaram queimaduras em mais de vinte pessoas. O impacto da explosão, equivalente a cerca de 500 quilotons de TNT, vinte vezes maior que o da bomba nuclear lançada pelos americanos em Nagasaki, deixou um rastro de mais de 1.500 feridos, entre elas 319 crianças, e 30 milhões de dólares de prejuízos.

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QUAL A DIFERENÇA ENTRE ASTEROIDE, METEORITO E METEORO?

Asteroides são corpos celestes menores que planetas que vagam pelo Sistema Solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos. Meteoritos são pedaços de asteroides que eventualmente atingem a superfície da Terra. Meteoros são os rastros luminosos produzidos por pedaços de asteroides em contato com a atmosfera da Terra, resultado do atrito com o ar, e são popularmente reconhecidos como estrelas cadentes.

Detalhes tão precisos do meteorito que assustou os russos só foram possíveis por meio de estudos feitos com registros da queda e dos fragmentos encontrados. Um ano depois, essas informações ainda são fontes abundantes de conhecimento. Como o meteorito caiu sobre uma área densamente povoada e foi observado por diversas câmeras, telefones celulares e instrumentos científicos, ele forneceu uma série de imagens, oportunidade única para a compreensão do maior meteorito a atingir o planeta nos últimos cem anos.

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São poucos os asteroides que cruzam a trajetória da Terra – e menos ainda os que sobrevivem ao choque com a atmosfera. Os que conseguem chegar à superfície geralmente caem no mar ou em zonas remotas, como desertos ou continentes gelados. O acontecimento “nos deixou uma quantidade colossal de informação”, afirmou Viktor Grokhovsky, da Academia Russa de Ciências.

Legado científico – O estudo desses registros resultou em três pesquisas publicadas em novembro nas revistas Science e Nature, além de um artigo publicado em julho no periódico Geophysical Research Letters detalhando a queda. “Se a humanidade não quiser seguir o caminho dos dinossauros, precisamos estudar um evento como esse em detalhes”, disse Qing-Zhu Yin, pesquisador da Universidade da Califórnia, que participou do estudo publicado na Science.

Os cientistas concluíram que o meteorito teve origem em um asteroide com 19 metros de diâmetro, que entrou na atmosfera a uma velocidade de 19 quilômetros por segundo, cinquenta vezes mais rápido que a velocidade do som. Por causa do atrito com a atmosfera, o corpo celeste se desintegrou e apenas 4.000 quilos de suas 13.000 toneladas atingiram a superfície. O maior pedaço, de 570 quilos, foi encontrado em outubro, no lago Chebarkul. Outras partes foram para uma exposição, em julho, no Museu de História Natural de Paris, na França.

Análises químicas desses fragmentos revelaram que o meteorito era o que se chama de condrito LL, asteroide com alto conteúdo de cobalto. Sua idade foi estimada em 4,5 bilhões de anos, a mesma do Sistema Solar.

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Cientistas afirmam ter encontrado fragmentos do meteorito

Previsões – A última vez que um grande meteorito havia atravessado a atmosfera foi em 30 de junho de 1908, quando um objeto com mais de 70 metros caiu em Tunguska, na Sibéria, destruindo 80 milhões de árvores em uma superfície de 2.000 metros quadrados.

Detectar objetos pequenos como o meteorito é raro, especialmente se o ângulo em que ele se aproxima da Terra não for o ideal – como quando viaja contra o Sol. Para prever a probabilidade desse tipo de evento acontecer novamente, os cientistas analisaram todas as explosões detectadas na atmosfera nos últimos vinte anos. Com esses dados, perceberam que a queda de meteoritos com mais de 10 metros de diâmetro pode ser até dez vezes mais comuns do que o esperado. As novas estimativas preveem que a frequência de meteoritos como o de Chelyabinsk voltar a cair pode ser de uma vez a cada trinta anos.

(Com Agência AFP)

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