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Túmulo coletivo encontrado no Peru revela massacre e ritual enigmático

Mulheres, homens e crianças foram sepultados juntos com oferendas há mais de 500 anos, indicando que até os mais vulneráveis participaram e morreram em combate

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 abr 2025, 13h49

Um túmulo coletivo descoberto no sul do Peru está ajudando pesquisadores a reconstituir os traços de um conflito violento ocorrido há mais de cinco séculos. Em escavações realizadas em outubro de 2024 no sítio arqueológico de El Curaca, no Peru, uma equipe da Universidade de Wrocław, na Polônia, identificou os restos mortais de 24 pessoas — entre homens, mulheres e crianças — que apresentavam lesões compatíveis com ferimentos letais causados por armas de combate. Os sepultamentos foram datados entre os anos 1000 e 1450 d.C. e acompanhados por objetos cerimoniais.

As vítimas foram enterradas em estruturas circulares com paredes de pedra, envoltas por tecidos e acompanhadas de objetos variados: fragmentos de cerâmica com características típicas da cultura Chuquibamba, ferramentas de osso e pedra, espigas de milho e artefatos de madeira. A disposição cuidadosa dos corpos e a presença de bens funerários indicam que foram enterrados com status cerimonial, provavelmente após um conflito do qual sua comunidade saiu vencedora.

Milho, cerâmica e tecidos foram encontrados junto aos corpos, indicando que os mortos foram sepultados com oferendas típicas de rituais funerários do período pré-incaico.
Milho, cerâmica e tecidos foram encontrados junto aos corpos, indicando que os mortos foram sepultados com oferendas típicas de rituais funerários do período pré-incaico. (Instytut Archeologii Uniwersytetu Wrocławskiego/Reprodução)

Quem eram essas pessoas?

As cerâmicas e os demais itens encontrados foram associados à cultura Chuquibamba, também conhecida como Aruni, que habitou a região antes da expansão do Império Inca. A descoberta foi feita fora do núcleo principal desse grupo — situado no vale do rio Majes — sugerindo a presença de comunidades periféricas ou processos de ocupação territorial.

 A cultura Chuquibamba é conhecida por seus têxteis elaborados, frequentemente produzidos com fibras de camelídeos, e por sua cerâmica escura com padrões lineares. Pouco documentada até hoje, sua distinção em relação a outras culturas andinas só começou a ser reconhecida nos últimos anos.

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Crânio envolto por cordas e tecidos revela o cuidado ritual com que guerreiros caídos foram sepultados há mais de 500 anos no atual território do Peru.
Crânio envolto por cordas e tecidos revela o cuidado ritual com que guerreiros caídos foram sepultados há mais de 500 anos no atual território do Peru. (Instytut Archeologii Uniwersytetu Wrocławskiego/Reprodução)

E agora, o que será feito?

A equipe está em fase de análise e conservação dos materiais encontrados. Estão sendo realizados escaneamentos 3D dos crânios, estudos dos tecidos preservados e análises laboratoriais de peças em cerâmica, madeira e osso. Também estão previstos exames de DNA antigo para identificar características genéticas dos indivíduos sepultados.

O trabalho faz parte de um projeto financiado pelo Centro Nacional de Ciência da Polônia e reúne especialistas europeus e latino-americanos. A expectativa é que as análises aprofundem o conhecimento sobre a cultura Chuquibamba e forneçam informações sobre as dinâmicas de conflito e organização social na região antes da dominação incaica.

 

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