Tubo romano de 1.800 anos é achado intacto sob rua na Bélgica
Artefato de madeira foi preservado graças ao solo encharcado e pode revelar novos detalhes sobre a presença romana na região onde hoje fica a cidade de Leuven

Um tubo de madeira usado para canalizar água há quase dois mil anos foi encontrado em excelente estado de conservação sob uma rua da cidade de Leuven, na Bélgica. A estrutura, feita de troncos ocos de árvore, remonta ao período entre os séculos II e III e teria servido a um antigo assentamento romano que existia na região.
A descoberta foi feita durante escavações arqueológicas realizadas antes do início das obras de um novo prédio da universidade local. O tubo estava enterrado a cerca de quatro metros de profundidade e se estendia por aproximadamente 20 a 30 metros. Cada trecho do encanamento media cerca de um metro e meio e era formado por um tronco de árvore escavado por dentro.

Como o tubo resistiu por tantos séculos?
O estado de preservação da peça se deve às condições do solo da região, encharcado pela proximidade com o rio Dijle. O ambiente alagadiço criou uma barreira contra o oxigênio, impedindo que a madeira se decompusesse com o tempo. O tubo foi encontrado em uma área descrita como um antigo pântano, onde a umidade constante ajudou a manter a integridade do material.
Embora vestígios de encanamentos de madeira já tenham sido localizados em outros sítios arqueológicos, é raro que a própria madeira tenha resistido à passagem dos séculos. O caso de Leuven é, por isso, considerado um achado singular.
O que os romanos faziam na Bélgica?
A presença romana na região remonta à conquista da Gália por Júlio César, no século I a.C. Leuven pode ter funcionado como um “diverticulum”, um tipo de assentamento construído às margens de estradas militares que conectavam diferentes partes do Império. O tubo recém-descoberto provavelmente fazia parte de um sistema de abastecimento de água que atendia à população local.
A existência de infraestrutura hidráulica sugere que a comunidade desfrutava de certo grau de organização e prosperidade. O artefato será agora enviado a um laboratório de conservação, onde passará por análises detalhadas. Entre os procedimentos previstos estão a datação do tronco por meio da análise de anéis de crescimento, conhecida como dendrocronologia, e a possível secagem controlada do objeto por congelamento para garantir sua preservação.
Além de ampliar o conhecimento sobre a ocupação romana na região, a descoberta pode contribuir para a compreensão das técnicas de engenharia e gestão hídrica utilizadas em áreas periféricas do império. A expectativa é que o tubo seja futuramente exibido ao público.