Tratamento atenua ‘vozes’ na esquizofrenia, dizem cientistas
Estudo identifica parte do cérebro que provoca alucinações auditivas e resultados iniciais apontam melhora em 35% dos casos com terapia de pulsos magnéticos
Os cientistas identificaram a parte do cérebro onde as “vozes” atormentam os pacientes que sofrem de esquizofrenia e conseguiram silenciá-la parcialmente com um tratamento com pulsos magnéticos. Segundo um estudo apresentado nesta terça-feira em uma conferência do European College of Neuropsychopharmacology, na França, 35% dos pacientes tratados com pulsos magnéticos em um experimento clínico disseram sentir um alívio “significativo” das “vozes”.
“Em primeiro lugar, agora podemos dizer com alguma certeza que encontramos uma área anatômica específica do cérebro associada com as alucinações auditivas na esquizofrenia”, declarou a psiquiatra e líder do estudo Sonia Dollfus, da Universidade de Caen, na França. “Em segundo lugar, mostramos que o tratamento de alta frequência TMS (Estimulação Magnética Transcraniana, significado da sigla em português) faz diferença, pelo menos, para alguns pacientes.”
No entanto, mais pesquisas precisam ser feitas para confirmar a utilidade da TMS como um tratamento no longo prazo. Os resultados dos testes ainda não foram publicados, mas foram aceitos pela revista científica Schizophrenia Bulletin: The Journal of Psychoses and Related Disorders e passarão por um processo de revisão antes de serem divulgados.
O experimento avaliou 26 pacientes com esquizofrenia, que receberam o tratamento ativo TMS. Outros 33 pacientes com o mesmo transtorno foram tratados apenas com placebo, compondo o grupo controle.
O primeiro grupo recebeu uma série de pulsos magnéticos em duas sessões ao dia, por dois dias, no lobo temporal associado com a linguagem. Duas semanas depois, os participantes avaliaram as “vozes” que costumavam ouvir e mais de um terço dos pacientes que experimentaram o tratamento TMS relataram uma melhora “significativa”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia afeta mais de 21 milhões de pessoas ao redor do mundo.
(Com AFP)