Terra não se formou com apenas um tipo de meteorito, afirmam cientistas
Estudo analisou amostras de solo terrestre e de meteoritos e encontrou falhas no modelo mais aceito para formação do planeta
A Terra não se formou a partir da colisão de apenas um tipo de meteorito. É o que sugere uma equipe francesa de cientistas do CNRS (Centro Nacional francês de Pesquisas Científicas). O trabalho foi publicado na revista americana Science.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Silicon Isotope Evidence Against an Enstatite Chondrite Earth
Onde foi divulgada: revista Science
Quem fez: Caroline Fitoussi, Bernard Bourdon
Instituição: Centro Nacional francês de Pesquisas Científicas (CNRS)
Resultado: Os cientistas analisaram amostras de solo terrestre e de meteoritos e perceberam que o núcleo da Terra, durante a sua formação, teria 1.500 graus kelvin caso tivesse sido composto por apenas um tipo de mineral. Os modelos mais aceitos dizem que o núcleo terrestre tinha pelo menos o dobro disso no mesmo período.
De acordo com os modelos anteriores, a Terra teria surgido a partir de um único tipo de meteorito, composto por um mineral chamado condrita de enstatita. É o mineral mais comum nos meteoritos que caem no planeta. Nesses estudos anteriores, cientistas verificaram que amostras da superfície da Terra e desses meteoritos eram muito semelhantes, por isso concluíram que o planeta teria se formado apenas a partir desse tipo.
O novo estudo, contudo, analisou o silício (componente da condrita) presente na Terra e em meteoritos que frequentemente caem no planeta. A partir dessas análises, concluíram que, se o núcleo terrestre tivesse sido formado a partir da soma de um único tipo de condrita, sua temperatura de formação seria de 1.500 graus kelvin (o equivalente a 1.227 graus Celsius). O valor é muito inferior aos 3.000 graus que indicam os modelos mais aceitos.
Parte da Terra – Os ciensitas do CNRS afirmam que a nova descoberta não resolve a questão sobre a origem da Terra, mas abre uma importante via de análise. O estudo também revela que o silício da Terra e da Lua são similares.
Isso sugere, dizem os especialistas, que o material que criou a Lua fez parte do núcleo terrestre antes de o satélite natural ser criado. A conclusão reforça a teoria de que a Lua teria se formado pela colisão de um planeta em formação contra a Terra.
Perguntas & respostas
- Qual a diferença entre asteroide, meteorito e meteoro? Asteroides são corpos celestes menores que planetas que vagam pelo Sistema Solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos. Meteoritos são pedaços de asteroides que eventualmente atingem a superfície da Terra. Meteoros são os rastros luminosos produzidos por pedaços de asteroides em contato com a atmosfera da Terra, resultado do atrito com o ar, e são popularmente reconhecidos como estrelas cadentes.
- Meteoritos deram origem à vida na Terra? A hipótese de que a vida veio do espaço, na ‘carona’ de rochas espaciais, não é o modelo dominante, mas também não se descarta. É o que embasa uma série de pesquisas no campo da chamada astrobiologia. Há também pesquisadores que consideram que o impacto de meteoritos e a formação de crateras favoreceram o aumento da biodiversidade.
- Meteoritos acabarão com a vida na Terra? Milhares de meteoros atravessam nossa atmosfera todos os dias. A maioria não passa de poeira espacial. Estima-se que uma grande colisão ocorra a cada 100 milhões de anos. A única extinção em massa associada a uma colisão de meteorito foi a dos dinossauros, 65 milhões de anos atrás. Ainda assim, existem pesquisas mostrando que as espécies então já estavam ameaçadas por causa de uma série de razões. O asteroide de 10 quilômetros de diâmetro apontado com o vilão da história teria apenas acelerado o inevitável destino dos dinossauros.
- O homem pode proteger a Terra de um grande asteroide? Astrônomos monitoram constantemente a aproximação de corpos celestes. A hipótese é improvável, mas caso um enorme asteroide apareça em rota de colisão com a Terra, os cientistas já sabem o que sugerir: em vez de explodi-lo, como no filme Armageddon, desviá-lo. Os pesquisadores consideram factível instalar desde velas especiais para capturar o vento solar até motores de íons.
(Com agência EFE)