Suposto ‘maior animal do mundo’ não era tão grande assim, diz estudo
Artigo da Nature estimava que animal podia pesar até 340 toneladas
Em agosto de 2023, VEJA reportou uma descoberta surpreendente: cientistas encontram fóssil do maior animal que já viveu na Terra. Com cerca de 20 metros de comprimento e até 340 toneladas, ele viveu há 39 milhões de anos onde hoje fica o Peru. Essa história agora ganha uma reviravolta. De acordo com um artigo publicado nesta quinta-feira, 29, o animal, na verdade, não era tão grande assim.
O trabalho, publicado no periódico PeerJ, contesta o tamanho. “Teria sido difícil para a baleia permanecer na superfície, ou mesmo sair do fundo do mar”, disse Ryosuke Motani, paleobiólogo da UC Davis e autor do artigo, em comunicado. “Seria necessário nadar continuamente contra a gravidade para fazer qualquer coisa na água.”
De acordo com eles, o principal erro do artigo original foi na estimativa. Isso acontece devido a densidade extremamente alta dos ossos do fóssil encontrado no Peru. Os pesquisadores assumiram que a proporção entre a densidade óssea e a massa total do animal seria igual a vista em animais contemporâneos, o que os fez chegar ao peso estimado de algo entre 85 e 340 toneladas. “Mas medições com outros animais sugerem que nem sempre é assim”, argumentam os autores do novo artigo.
A estimativa mais recente sugere que o Perucetus colossus, na verdade, pesava apenas algo entre 60 e 110 toneladas, menores até do que baleias conhecidas, como a Azul, que pode ultrapassar as 150 toneladas.
Os autores do artigo original, publicado na Nature, não gostaram muito da contestação. “O artigo não demonstrou nenhum erro factual em nossas análises e nas estimativas resultantes”, disse Eli Amson a Veja. “Distorcer as palavras dos colegas é prejudicial para a ciência”
Relembre a história
Chamado de Perucetus colossus, nome científico para baleia colossal do Peru, o animal pertencia à família dos Basilosauridae, os primeiros cetáceos (grupo de mamíferos que também inclui os golfinhos) completamente aquáticos de que se tem notícia. O longo comprimento não foi exatamente uma novidade, mas essa é a primeira evidência de que eram também tão pesados.
O achado mudou completamente o conhecimento sobre a evolução dos cetáceos. Até aquele momento, acreditava-se que o aparecimento dos primeiros gigantes dessa família era uma um evento recente, de cerca de 5 milhões de anos atrás, mas a investigação mostra que eles são bem mais antigos e surgiram há pelo menos 30 milhões de anos. As vértebras encontradas ficaram em uma exibição temporária no Museu de Lima, na capital peruana.