Sete descobertas científicas que deram o que falar em 2017
O ano provavelmente será lembrado pela descoberta de ‘erros’ aleatórios no DNA que causam câncer e pela detecção ondas gravitacionais em estrelas de nêutron

O ano está acabando e chegada de 2018 deixa todos os apaixonados por ciência ansiosos pelas descobertas que ainda estão por vir. Mas, nesse clima de fim de ano, vale relembrar alguns acontecimentos científicos que marcaram 2017 – seja por sua relevância, seja pelas reações controversas que provocaram no meio acadêmico. Dentre as descobertas que mais deram o que falar este ano estão “erros” aleatórios no DNA que são responsáveis por dois terços dos casos de câncer, a detecção de ondas gravitacionais a partir de estrelas de nêutron, novas aplicações de técnicas de edição genética, um novo continente e até um sistema planetário com três planetas potencialmente habitáveis. Além disso, 2017 marcou o fim da missão Cassini, uma das mais importantes das últimas décadas, que ajudou a explorar Saturno, suas luas e seus anéis.
Confira abaixo uma lista com essas e outras descobertas que fizeram de 2017 um ano memorável para a ciência.

Se 2016 ficou conhecido como o ano em que detectamos pela primeira vez ondas gravitacionais – minúsculas distorções no espaço-tempo (aquilo que os físicos descrevem metaforicamente como o tecido do Universo, onde todos os acontecimentos transcorrem) –, 2017 será para sempre lembrado por quando levamos essa descoberta mais além. Em outubro, cientistas conseguiram identificar o mesmo fenômeno a partir da colisão entre duas estrelas de nêutron. As ondas gravitacionais foram previstas na Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein, segundo a qual matéria e energia distorcem a geometria do Universo, da mesma forma que uma pessoa faz um colchão ceder ao deitar-se sobre ele.
As estrelas de nêutron, por sua vez, são astros extremamente densos que sobram após a explosão de uma estrela comum. Ao observar a colisão entre dois desses corpos celestes, os cientistas puderam ver pela primeira vez a contrapartida óptica das ondas gravitacionais. Nas experiências anteriores, só foi possível identificá-las pela colisão de dois buracos negros – e essas observações tiveram de ser feitas indiretamente, uma vez que buracos negros absorvem toda a luz ao seu redor e, portanto, não são visíveis.
(NASA/Dana Berry/VEJA)
Após 13 anos explorando Saturno, seus anéis e suas luas, a sonda Cassini terminou sua missão com um mergulho histórico em direção à atmosfera do gigante gasoso em setembro. A nave foi responsável por algumas das descobertas científicas mais importantes do século XXI, como a existência de água líquida na superfície das luas Titã e Encélado – o que leva à possibilidade de encontrar vida fora da Terra.
(NASA/JPL-Caltech/Divulgação)
Cientistas anunciaram, em maio, a descoberta de sete planetas muito parecidos com a Terra fora do sistema solar, dos quais três poderiam ser habitáveis. Foi a primeira vez que tantos planetas desse tipo foram encontrados ao redor de uma mesma estrela (no caso, a anã vermelha TRAPPIST-1), feito que mereceu a capa da revista Nature daquela semana. O sistema fica a 39 anos-luz de distância (cada ano-luz corresponde a 9,46 trilhões de quilômetros) do Sol.
O critério para considerar um planeta propício para abrigar vida é que ele esteja na “zona habitável” de uma estrela. Isso significa que ele precisa estar a uma distância do astro principal suficiente para abrigar água líquida em sua superfície – grosso modo, ter temperaturas que variam entre 0°C e 100°C. Na época em que anunciaram a descoberta, os cientistas afirmaram que o achado demonstra que planetas “irmãos” da Terra são abundantes no Universo e podem ajudar na busca por sinais de vida fora do globo.
(JPL-Caltech/Nasa)
Cientistas americanos desenvolveram embriões que contêm uma combinação de células-tronco de humanos e porcos. O experimento, realizado em janeiro, foi uma tentativa de encontrar alternativas para transplantes de órgãos em humanos. “Este é um primeiro passo importante. O objetivo final é desenvolver tecidos e órgãos funcionais e transplantáveis, mas estamos longe disso”, afirmou o autor principal, Juan Carlos Izpisua Belmonte, professor do laboratório de expressão genética do Instituto Salk para Pesquisas Biológicas, nos Estados Unidos.
Porém, a ideia de criar uma mistura entre humanos e animais levantou questões éticas, principalmente porque, na teoria, isso poderia levar à criação de animais com qualidades humanas e, possivelmente, inteligência. Ainda assim, os cientistas defendem o experimento afirmando que o nível de contribuição humana para os embriões de porcos foi “baixo” e não incluiu precursores de células cerebrais. Além disso, os embriões se desenvolveram apenas por quatro semanas.
(Salk Institute/Divulgação)
Um grupo de cientistas publicou, em fevereiro, um manifesto pedindo para que a Zelândia, um fragmento continental localizado no Oceano Pacífico (do qual a Nova Zelândia faz parte), fosse considerada um continente propriamente dito, não parte da Oceania. Até agora os cientistas consideravam ela apenas um pedaço de crosta continental que se desprendeu dos demais continentes no seu processo de fragmentação, há 200 milhões de anos – mas considerava que era pequena demais para ser um continente “independente”. Os cientistas que publicaram o artigo opinativo discordam dessa classificação, afirmando que “sua separação da Austrália e grande área sustentam sua definição como continente” e não como um fragmento.
(Istock/Getty Images)
Pensando em aumentar as chances de sobrevivência de bebês prematuros, cientistas desenvolveram um útero artificial e, em abril, conseguiram gerar um feto de cordeiro nascido com o equivalente a 23 semanas de gestação humana (idealmente são 38). A estrutura consistia em uma bolsa preenchida por um fluido que simulava a placenta, onde o animal permaneceu por quatro semanas e conseguiu se desenvolver normalmente. Com o sucesso do experimento, os pesquisadores esperam realizar testes com bebês humanos no futuro.
(Partridge et al/Nature Communications/Reprodução)