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Restos nos dentes de leões mostram que, no século XIX, humanos ainda eram presas

Animais já eram conhecidos como comedores de homens

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 out 2024, 22h01 - Publicado em 11 out 2024, 17h00

Hoje, depois do império ecológico construído pela humanidade, é até difícil imaginar humanos como presas, mas isso era uma realidade até há pouco tempo. É o que comprova um estudo divulgado nesta quinta-feira, 11. 

De acordo com o trabalho publicado no periódico científico Current Biology, restos de cabelo resgatados dos dentes de dois leões que viveram nos anos 1890, no Quênia, revelam que eles se alimentaram de girafa, órix, antílope aquático, gnu, zebra e…humanos.

A descoberta foi possível devido à evolução da genética. Há muito tempo, pesquisadores conseguem resgatar DNA de amostras antigas, mas devido ao tempo e às condições ambientais, é um material degradado e difícil de ser remontado e analisado. 

Agora, contudo, surgiram técnicas capazes de remontar o genoma a partir de sequências muito pequenas desta molécula. “Este método pode ser usado de muitas maneiras, e esperamos que outros pesquisadores o apliquem para estudar o DNA de presas de crânios e dentes de outros animais”, diz Alida de Flamingh, pesquisadora da Universidade de Illinois e autora do artigo, em comunicado.

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É preciso, contudo, que as condições sejam favoráveis. Os animais em questão, apelidados pelos locais como comedores de homens ou leões de Tsavo, tinham uma fratura no dente e isso permitiu que, ao longo do tempo, restos de pelos de suas presas fossem se acumulando. 

A nova técnica permitiu a extração e a análise do material genético destas amostras, o que permitiu a identificação das espécies. O que mais surpreendeu foi a identificação dos gnus, cuja identidade genética remetia a espécies de locais distantes. “Isso sugere que os leões de Tsavo podem ter viajado mais longe do que se acreditava anteriormente, ou que os gnus estavam presentes na região de Tsavo naquela época”, afirma Flamingh. 

A medida que a ciência evolui, cada vez mais conseguimos olhar para o passado — e para o futuro — com melhor definição. Tudo isso graças a interdisciplinaridade.

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