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Quanto marca o Relógio do Juízo Final e por que isso preocupa

Mantido pelo Boletim dos Cientistas Atômicos (BAS), foi criado em 1947 para alertar sobre as ameaças existenciais criadas pelo ser humano

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jan 2025, 17h37 - Publicado em 28 jan 2025, 17h30

O Relógio do Juízo Final, um símbolo icônico mantido pelo Boletim dos Cientistas Atômicos (BAS, na sigla em inglês), foi ajustado este ano para 89 segundos para a meia-noite, o mais próximo que já esteve do apocalipse. Fundado em 1945 por cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan, como Albert Einstein e J. Robert Oppenheimer, o BAS criou este relógio em 1947 para alertar sobre as ameaças existenciais criadas pelo ser humano. A “meia-noite” representa uma catástrofe global, e a contagem regressiva simboliza a urgência de tomar medidas para evitar essa calamidade.

O relógio não é um dispositivo literal, mas sim uma metáfora para expressar a vulnerabilidade do mundo a catástrofes globais causadas por tecnologias criadas pelo homem. O tempo é ajustado anualmente pela Conselho de Ciência e Segurança (SASB,na sigla em inglês), do BAS, um grupo de líderes globais que se concentram em riscos nucleares, mudanças climáticas e tecnologias disruptivas. A decisão é tomada em consulta com o Conselho de Patrocinadores do BAS, que inclui nove laureados com o Prêmio Nobel.

Vários fatores contribuíram para o avanço do relógio para tão perto da meia-noite:

  • Risco Nuclear: A guerra na Ucrânia aumenta a possibilidade de um conflito nuclear. Além disso, países que já possuem armas nucleares estão aumentando seus arsenais, enquanto outros consideram desenvolver suas próprias armas. A instabilidade e o colapso do processo de controle de armas aumentam ainda mais o risco.
  • Mudanças Climáticas: Os impactos das mudanças climáticas têm aumentado globalmente, com recordes de temperatura e eventos climáticos extremos como inundações, ondas de calor e secas. As emissões de gases do efeito estufa continuam a subir, e as iniciativas para reverter o aquecimento global são insuficientes.
  • Tecnologias Disruptivas: Avanços em inteligência artificial (IA), especialmente em aplicações militares, levantam preocupações sobre o controle humano sobre decisões de guerra. O uso de IA em sistemas de mira, drones e armas hipersônicas aumentam o perigo. Além disso, a desinformação e as teorias da conspiração se espalham rapidamente, corroendo o debate público necessário para enfrentar as ameaças.
  • Ameaças Biológicas: Doenças infecciosas emergentes, laboratórios de patógenos sem supervisão adequada e o uso da IA no desenvolvimento de armas biológicas aumentam o risco de uma pandemia devastadora.

O ajuste do relógio para 89 segundos para a meia-noite serve como um sinal claro e inequívoco de extremo perigo. Os cientistas do BAS esperam que os líderes mundiais reconheçam a gravidade da situação e tomem medidas urgentes para reduzir os riscos de desastres globais. É um apelo à ação para que os países, especialmente os EUA, a China e a Rússia, iniciem discussões de boa fé sobre essas ameaças globais.

Alguns críticos argumentam que o relógio é excessivamente subjetivo ou alarmista, enquanto outros acreditam que ele não contabiliza adequadamente desenvolvimentos positivos, como avanços em energia renovável ou acordos de controle de armas. No entanto, o BAS sustenta que é uma ferramenta necessária para aumentar a conscientização e estimular a ação. “Os líderes nacionais devem iniciar discussões sobre esses riscos globais antes que seja tarde demais”, disse por meio de nota Daniel Holz, PhD, Presidente do SASB, e professor da Universidade de Chicago. “Refletir sobre essas questões de vida ou morte e iniciar um diálogo são os primeiros passos para fazer o Relógio retroceder e se afastar da meia-noite.”

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Como disse Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz: “Cada segundo conta”.

Momentos-chave na história do relógio

  • 1947: Relógio ajustado para 7 minutos para a meia-noite.
  • 1953: Movido para 2 minutos para a meia-noite após os EUA e a URSS testarem bombas de hidrogênio.
  • 1991: Mais distante da meia-noite (17 minutos) após o fim da Guerra Fria e a assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START).
  • 2020: Movido para 100 segundos para a meia-noite, a primeira vez que foi medido em segundos em vez de minutos.
  • 2023-2024: Ajustado para 90 segundos para a meia-noite, refletindo riscos aumentados de ameaças nucleares, mudanças climáticas e IA.
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