Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Quais aromas os narizes pré-históricos sentiam?

Experiência científica mostra como os humanos contemporâneos e seus primos antigos denisovanos e neandertais reagiam a diferentes odores

Por Da Redação 27 jan 2023, 11h18

Os nossos ancestrais da Idade da Pedra provavelmente não tinham noção do próprio nariz como os humanos contemporâneos — que o diga o burocrata Kovaliov, personagem do conto O Nariz, de Nikolai Gogol. Mas o aparelho olfativo era fundamental para a sobrevivência deles, como demonstra uma curiosa experiência envolvendo sensibilidade a odores de um grupo internacional de cientistas. O artigo resultante foi publicado no fim do ano passado na revista científica iScience.

O estudo investigou se os humanos atuais compartilham o sentido do olfato com seus primos denisovanos e neandertais, agora extintos, que deixaram a África e se espalharam pelo mundo há cerca de 750.000 anos. “Esta pesquisa nos permitiu tirar algumas conclusões mais amplas sobre o sentido do olfato em nossos parentes genéticos mais próximos e entender o papel que desempenhou na adaptação a novos ambientes e alimentos durante nossas migrações para fora da África”, disse a antropóloga Kara C. Hoover, da Universidade do Alaska em Fairbanks, coautora principal do levantamento.

Usando uma técnica que permite testar a sensibilidade do cheiro em receptores de odor cultivados em laboratório, os pesquisadores conseguiram comparar as habilidades de cheiros dos três tipos de humanos. Com base em bancos de dados de genomas públicos, incluindo antigas coleções de DNA reunidas pelo geneticista sueco Svante Pääbo, os cientistas conseguiram caracterizar os receptores de cada uma das espécies observando os genes relevantes.

Eles testaram as respostas de 30 receptores olfativos cultivados em laboratório de cada hominídeo contra uma bateria de cheiros para medir a sensibilidade de cada tipo de receptor a uma fragrância específica. Os testes de laboratório mostraram que os receptores humanos modernos e antigos detectavam essencialmente os mesmos odores, mas suas sensibilidades eram diferentes.

Os denisovanos, que viveram de 30.000 a 50.000 anos atrás, demonstraram ser menos sensíveis aos odores que os humanos atuais percebem como florais, mas quatro vezes melhores em sentir enxofre e três vezes melhores em balsâmico. E eles estavam muito sintonizados com o mel. Já os neandertais, que ainda existiam há cerca de 40.000 anos e que aparentemente trocaram alguns genes com os humanos modernos, eram três vezes menos receptivos a aromas verdes, florais e picantes, usando praticamente os mesmos receptores que temos hoje.

Continua após a publicidade

Os humanos atuais estão no meio do caminho. “Esta é a pesquisa mais empolgante em que já participei”, disse o coautor do estudo Matthew Cobb, da Universidade de Manchester. “Isso mostra como podemos usar a genética para perscrutar o mundo sensorial de nossos parentes há muito perdidos, dando-nos uma visão de como eles perceberam seu ambiente e, talvez, como conseguiram sobreviver.”

Os receptores de odor têm sido associados às necessidades ecológicas e dietéticas em muitas espécies e presumivelmente evoluem com elas. “Cada espécie deve desenvolver receptores olfativos para maximizar sua aptidão para encontrar comida”, disse o coautor Hiroaki Matsunami da Universidade de Duke. “Nos humanos é mais complicado porque comemos muitas coisas. Não somos realmente especializados.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.