Poluição luminosa faz pássaros cantarem média de 50 minutos a mais por dia, diz estudo
Animais com olhos maiores e ninhos abertos são os mais suscetíveis à exposição de luz

A poluição luminosa faz com que aves cantem por em média 50 a minutos a mais cada dia. A conclusão é resultado de um novo estudo publicado na revista Science nesta quinta, 21. Aquelas aves mais expostas à luz, por terem olhos grandes ou ninhos abertos, são as mais afetadas.
A poluição luminosa afeta 23% do planeta e influencia os padrões de atividade regulados pelo ciclo circadiano definidos pela luz e escuridão. Segundo os autores, o artigo apresenta uma síntese mais abrangente dos efeitos da poluição luminosa entre espécies, regiões e estações do ano, diferente de estudos anteriores focados em espécies individuais.
Os pesquisadores Brent Pease e Neil Gilbert, das universidades de Southern Illinois e Oklahoma State respectivamente, analisaram dados acústicos de 60 milhões de detecções de 583 espécies de aves diurnas. São 2,6 milhões de observações de início de vocalização matinal e 1,8 milhão de observações de cessação de canto no período da noite.
Os dados foram coletados pelo projeto BirdWeather, que recebe gravações de cientistas voluntários e realiza o monitoramento da biodiversidade.
As aves expostas à poluição luminosa tiveram a atividade vocal prolongada em 50 minutos por dia. Aquelas espécies que tiveram respostas mais intensas tinham olhos grandes, ninhos abertos, hábitos migratórios e amplas áreas de distribuição e durante a estação reprodutiva.
Apesar da quantidade de dados, os pesquisadores esbarraram em evidências limitadas sobre a relação entre a densidade do habitat, latitude e riqueza de espécies com a poluição luminosa e vocalizações. O banco de dados ainda é incompleto para algumas regiões e espécies, e dificulta uma medição definitiva desses efeitos.
Os autores escrevem que “documentar esses efeitos sobre a aptidão e conter a poluição luminosa são desafios para a conservação no século XXI”, e é incerto se os impactos são positivos, negativos ou neutros para a aptidão das aves.