Pesquisa revela estado preocupante dos leões, leopardos e hienas em Uganda
Novo estudo detalha a primeira avaliação nacional de grandes carnívoros em quase duas décadas, destacando necessidades urgentes de conservação
Um estudo recente sobre o estado de conservação de seis grandes áreas protegidas de Uganda revelou cenários preocupantes para os leões africanos, enquanto leopardos e hienas pintadas demonstram maior resiliência. A pesquisa, conduzida por uma equipe formada por cientistas da Griffith University (Austrália), da Southern University of Science and Technology (China) e da Northern Arizona University (Estados Unidos), mobilizou mais de 100 participantes de ONGs, empresas de turismo e grupos de conservação.
A metodologia empregada, conhecida como captura-recaptura espacial, utilizou tanto buscas em veículos para leões quanto armadilhas fotográficas para leopardos e hienas, abrangendo áreas como o Parque Nacional de Murchison Falls, a Reserva de Vida Selvagem de Pian Upe, o Parque Nacional de Kidepo Valley, a Reserva de Vida Selvagem de Toro Semliki, a Área de Conservação do Queen Elizabeth e o Parque Nacional de Lake Mburo.
Os resultados indicam que os leões estão em declínio acentuado em Uganda, com números criticamente baixos nos Parques Nacionais de Queen Elizabeth e Kidepo Valley, onde restam menos de 40 e 20 indivíduos, respectivamente. Em Kidepo, a pesquisa sugere um declínio significativo em relação a uma estimativa anterior de 2009, atribuído principalmente à caça ilegal. No Queen Elizabeth, a densidade de leões caiu quase 50% desde 2018, possivelmente devido ao envenenamento por fazendeiros e caçadores, além de eventos aleatórios como eletrocussão.
Refúgio para felinos
Em contraste, o Parque Nacional de Murchison Falls se destaca como um reduto para os leões, com uma densidade populacional de sete indivíduos por 100 quilômetros quadrados e uma população estimada em 240 indivíduos em uma área de 3233 quilômetros quadrados. A alta densidade de presas, como o kob do Uganda, e os esforços anti-caça, liderados pela Uganda Wildlife Authority e ONGs, parecem ser fatores chave para a persistência dos leões no parque.
Murchison Falls também se destaca pela alta densidade de leopardos, com 14 indivíduos por 100 quilômetros quadrados, a maior registrada na África até o momento. A abundância de presas, como o kob do Uganda, também contribui para a alta densidade de leopardos em Murchison Falls.
As hienas pintadas também prosperam em Murchison Falls, com a maior densidade registrada na África: 45 indivíduos por 100 quilômetros quadrados. Essa alta densidade é atribuída à sua capacidade de caçar presas maiores e à sua resiliência à caça ilegal com laços de arame.
Leopardos e Hienas
Os leopardos apresentaram densidades populacionais variadas, com as mais altas em Murchison Falls e Lake Mburo, provavelmente devido à abundância de presas nesses parques. A baixa densidade em Pian Upe é atribuída à escassez de presas de médio porte.
As hienas pintadas se mostraram amplamente distribuídas nos parques nacionais, com densidades geralmente muito maiores do que as dos leões. Sua resiliência à caça ilegal e a capacidade de caçar presas maiores contribuem para seu sucesso.
O estudo destaca a importância da colaboração entre diferentes partes interessadas na conservação da vida selvagem. O envolvimento de mais de 100 participantes de ONGs, empresas de turismo e grupos de conservação demonstra o potencial da ciência cidadã para a coleta de dados em larga escala. Esse esforço conjunto também contribui para a construção de consenso e a promoção de políticas de conservação mais eficazes.
Um chamado à ação
Os resultados da pesquisa soam um alarme para a conservação dos leões em Uganda. As populações em declínio em Kidepo Valley e Queen Elizabeth exigem medidas urgentes para combater a caça ilegal e mitigar o conflito humano-vida selvagem.
O sucesso do Parque Nacional de Murchison Falls na conservação de leões, leopardos e hienas destaca a importância da gestão eficaz, da aplicação da lei e da colaboração entre diferentes partes interessadas. O estudo reforça a necessidade de investimentos contínuos em pesquisa e monitoramento para garantir a sobrevivência a longo prazo desses magníficos felinos no Uganda.