Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Professor: Assine VEJA por 9,90/mês

O fator que une os ganhadores do Prêmio Nobel em 2025

Do delicado equilíbrio no funcionamento do corpo humano às bases da complexa mecânica quântica, cientistas ajudaram a decifrar segredos da natureza

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Amanda Capuano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 out 2025, 13h59 - Publicado em 10 out 2025, 06h00

Medicina

Laureados: os americanos Mary Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi

Por que ganharam: por descobrirem como o sistema imunológico se autorregula para continuar se protegendo de invasores como micróbios sem passar a atacar a si mesmo. Sakagushi, da Universidade de Osaka, no Japão, desvendou o papel essencial das células T reguladoras nesse enredo: são unidades das nossas defesas naturais que patrulham pela circulação a fim de identificar e frear células que começam a agredir o próprio corpo, gerando uma doença autoimune. Em laboratórios nos Estados Unidos, Brunkow e Ramsdell se aprofundaram nas pesquisas e descortinaram o gene que regula o desenvolvimento e o funcionamento das tais células T reguladoras — ou seja, o código para elas desempenharem seu trabalho vital.

No mundo prático: o comitê do Nobel no Instituto Karolinska, na Suécia, destacou, no anúncio dos laureados, o impacto das descobertas na compreensão dos mecanismos que regem a imunidade e na gênese de doenças autoimunes — aquelas marcadas por golpes das células de defesa contra o organismo, a exemplo de esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes tipo 1. E louvou seu potencial de abrir caminho a tratamentos inovadores. Estudos em andamento testam terapias que aumentam o número de células T reguladoras para conter processos de autoagressão ou rejeição, como ocorre nas doenças autoimunes e no transplante de órgãos. Em paralelo, pesquisadores avaliam se conter essas mesmas células não seria uma estratégia promissora para liberar o sistema imunológico no contra-ataque ao câncer. São inúmeras possibilidades de intervir nessa trama lapidada pela evolução natural para encontrar o ponto de equilíbrio na proteção do corpo. Por falar nisso, curiosamente, um dos vencedores do prêmio, Ramsdell, não pôde ser encontrado pela academia durante horas após a notícia ser divulgada. Ele estava incomunicável em um “detox digital” nas montanhas do estado de Idaho — medida tomada em defesa de sua própria saúde.

Física

ÁTOMOS E ELÉTRONS - Clarke, Devoret e Martinis: olho na mecânica quântica
ÁTOMOS E ELÉTRONS - Clarke, Devoret e Martinis: olho na mecânica quântica (Fotos: UC Berkeley; Yale; ACM/.)

Laureados: O britânico John Clarke, o francês Michel Devoret e o americano John Martinis, os três ligados a universidades dos Estados Unidos

Continua após a publicidade

Por que ganharam: Demonstraram que as leis da mecânica quântica, antes restritas ao minúsculo universo subatômico, aplicam-se também a sistemas maiores.

No mundo prático: A mecânica quântica é o ramo científico que estuda o comportamento de átomos, elétrons e prótons. “Não há tecnologia avançada hoje que não se baseie na mecânica quântica”, disse Olle Eriksson, presidente do Comitê Nobel de Física. As descobertas dos laureados abriram caminho para produtos como smartphones, câmeras e cabos de fibra óptica. Dois deles têm ligação com o Google. Devoret é o cientista-chefe de hardware do laboratório de inteligência artificial quântica da empresa do Vale do Silício. Martinis esteve na equipe de hardware do laboratório quântico da companhia.

Química

INOVAÇÃO - Kitagawa, Yaghi e Robson: solução para questões ambientais
INOVAÇÃO - Kitagawa, Yaghi e Robson: solução para questões ambientais (fotos: AFP; University Melbourne/.)

Laureados: O japonês Susumu Kitagawa, o britânico Richard Robson e o jordaniano Omar Yaghi

Continua após a publicidade

Por que ganharam: Os pesquisadores criaram construções moleculares, as chamadas estruturas metal-orgânicas (MOFs, na sigla em inglês), com grandes espaços internos onde gases e outros produtos químicos podem estar acondicionados ou fluir. Uma metáfora possível: é como a bolsa de Hermione, da franquia Harry Potter, pequena, mas infinita, autorizada a guardar mundos e fundos.

No mundo prático: Depois das revelações, nos anos 1980 e 1990, vários outros cientistas construíram dezenas de milhares de MOFs. Algumas contribuíram para solucionar problemas da humanidade, especialmente os ambientais: a separação de substâncias químicas, derivadas de fábricas, da água; a decomposição de resíduos de produtos farmacêuticos no meio ambiente; e a captura de dióxido de carbono. Não poderia haver prêmio mais adequado aos humores em voga na sociedade.

Literatura

PLURAL - O húngaro Krasznahorkai: “mestre do apocalipse” nas letras
PLURAL - O húngaro Krasznahorkai: “mestre do apocalipse” nas letras (Gyula Czimbal/EFE)

Laureado: O húngaro László Krasznahorkai

Continua após a publicidade

Por que ganhou: Inovador na escrita, o autor foi laureado pela Academia por “sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.

Por que lê-lo: Nascido em Gyula, no sudeste da Hungria, o escritor de 71 anos transita pelo mundo como poucos. Seu primeiro livro, Sátántangó, único dele traduzido no Brasil, descreve com maestria o desalento da terra natal após a queda do regime comunista, com uma população desamparada que aguarda a chegada de um mensageiro que acredita ser o seu salvador. Plural, o autor também buscou inspiração em viagens à Ásia e se consagrou com uma escrita peculiar, quase sem pontos-finais, que emula a lógica da fala e dos pensamentos humanos. Crítico dos governos pró-soviéticos e da atual gestão de Viktor Orbán, Krasznahorkai conquistou a alcunha de “mestre do apocalipse” ao retratar o medo paranoico e desesperado de tempos incertos. Um temor que reflete a realidade de hoje.

Publicado em VEJA de 10 de outubro de 2025, edição nº 2965

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 41% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 8,25)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 32,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.