Nova pesquisa mundial mostra como está confiança pública na ciência
Levantamento realizado com milhares de participantes de 68 países, incluindo o Brasil, é o maior estudo pós-pandêmico sobre o tema

Nem tudo está perdido. Uma nova pesquisa global, publicada na revista eletrônica Nature Human Behaviour, ouviu 71.922 participantes de 68 países — incluindo o Brasil — para medir a confiança pública nos cientistas e na Ciência. Mesmo com o avanço de uma direta tradicionalmente cética e de polarizações políticas em muitas regiões, os resultados são positivos. O levantamento foi conduzido por uma equipe de 241 pesquisadores da Universidade de Zurique e ETH Zurique e é o maior estudo pós-pandêmico sobre o tema.
Em média, a confiança nos cientistas é considerada moderadamente alta. Os participantes responderam a um questionário, classificando sua confiança numa escala de 1 a 5, sendo 1 “confiança muito baixa” e 5 “confiança muito alta”. A média global de confiança nos pesquisadores foi de 3,62.
O estudo revelou que o Egito lidera o ranking de países com maior confiança em cientistas. Logo em seguida, vêm Índia, Nigéria, Quênia e Austrália. Em contraste, a Albânia ocupa a última posição da lista, com a menor confiança. Nos últimos lugares do ranking estão ainda Cazaquistão, Bolívia, Rússia e Etiópia.
E o Brasil?
O Brasil surge em 21º lugar, com índice de 3,78, acima da média global, atrás de Argentina (10º), México (11º) e Chile (19º). Vale ressaltar que o Reino Unido, por exemplo, ocupa a 15ª posição, três posições atrás dos EUA, mas à frente do Canadá (17º) e da Suécia (20º).
Três quartos dos participantes concordam que os métodos de pesquisa científica são a melhor maneira de descobrir se algo é verdadeiro ou falso. A maioria dos entrevistados também percebe os cientistas como qualificados (78%), honestos (57%) e preocupados com o bem-estar das pessoas (56%).
A pesquisa também apontou que a maioria das pessoas acredita que os cientistas deveriam ter um papel mais ativo na sociedade. 83% dos entrevistados concordam que os cientistas devem comunicar a ciência ao público e 52% acreditam que eles deveriam estar mais envolvidos na formulação de políticas públicas.
Apesar do alto nível de confiança, a pesquisa também revelou algumas áreas de preocupação. Menos da metade dos entrevistados (42%) acredita que os cientistas prestam atenção às opiniões dos outros. Muitos também sentem que as prioridades da ciência nem sempre se alinham com suas próprias prioridades.
Prioridades?
Os participantes indicaram que gostariam de ver priorizadas as pesquisas dedicadas a melhorar a saúde pública, resolver problemas de energia e reduzir a pobreza, enquanto a pesquisa sobre o desenvolvimento de tecnologia de defesa e militar recebeu uma prioridade menor. “Em um momento em que a desinformação e a desinformação estão proliferando, é encorajador e importante que a confiança na ciência e nos cientistas permaneça alta”, disse Kylie Walker, diretora executiva da Academia Australiana de Ciências Tecnológicas e Engenharia. “À medida que enfrentamos desafios complexos e mudanças globais, o lugar da evidência informada na política e na tomada de decisões é primordial.”
De modo geral, a pesquisa sugere que, embora a confiança na ciência permaneça alta, é preciso que os cientistas se esforcem mais para se comunicar com o público, entender suas preocupações e alinhar as prioridades de pesquisa com as necessidades da sociedade.