Nasa anuncia fim da missão do Opportunity em Marte
Robô encontrou evidências da presença de água no passado; programa de exploração será reforçado com envio do Mars 2020 e do ExoMars no ano que vem
A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) anunciou nesta quinta-feira, 14, o fim da missão em Marte do robô Opportunity, que por 15 anos enviou informações que “transformaram nossa compreensão” sobre a terra e evidências de que o planeta vermelho, no passado, tinha reservas de água potável. O anúncio veio com mensagens de satisfação da Nasa sobre o desempenho do robô, do tamanho de um carrinho usado em campos de golfe.
“Por causa de missões pioneiras como a do Opportunity, chegará um dia em que nossos astronautas caminharão na superfície de Marte”, afirmou o administrador da Nasa, Jim Bridenstine. “E quando esse dia chegar, parte dessa primeira pegada (em Marte) caberá aos homens e mulheres do Opportunity e a um carrinho que desafiou as probabilidades e muito fez em nome da exploração”, completou, segundo comunicado da Nasa.
O Opportunity enviará sua última comunicação em 10 de junho de 2018, do Vale da Perseverança. Depois, se silenciará. Os engenheiros da área de Operações de Voo Espacial da Nasa valeram-se mais de 1.000 comandos para reativar o robô nos últimos meses.
Segundo a Nasa, o robô foi programado para atuar por apenas 90 dias marcianos (que corresponde a que corresponde a 24 horas 39 minutos e 35,244 segundos) e para percorrer mil metros. Mas multiplicou por 60 sua validade e viajou por mais de 45 quilômetros pela superfície de Marte. O Opportunity era movido pela energia solar.
Seu lançamento deu-se em junho de 2003 da estação de Cabo Canaveral, na Flórida. Depois de sete meses de viagem pelo espaço, pousou na região de Meridiani Planum, em Marte. Seu robô gêmeo, o Spirit, havia chegado 20 dias antes na Cratera Gusev, no outro lado do planeta. O Spirit viajou por oito quilômetros e sua missão terminou em maio de 2011, segundo a Nasa.
Em seus 15 anos de trabalho, a Opportunity enviou mais de 217.000 imagens, incluindo 15 vistas panorâmicas de 360º. Também expôs as superfícies de 52 rochas para a revelação de minerais, limpou 72 amostras com uma escova para prepará-las para análises microscópicas e espectométricas.
Sua descoberta mais importante foi a de hematite, um mineral formado em água, em local seco. Na Cratera Endeavour, encontrou fortes evidências da presença, no passado, de água potável concentrada em uma área similar, na Terra, à de um lago.
“Desde o início, o Opportunity correspondeu à nossa pesquisa sobre evidências da presença de água. Quando suas descobertas foram combinadas às do Spirit, mostraram que Marte antigo era muito diferente de Marte de hoje, que é um mundo frio, seco e desolado. Mas se você olhar para o seu passado, encontrará evidências convincentes da presença de água líquida debaixo e na superfície”, afirmou Steve Squyres, da Cornell University.
Nos seus 15 anos em Marte, o Opportunity enfrentou terrenos difíceis, obstáculos e, mais desafiador ainda, as tempestades de areia. Provavelmente, uma delas o paralisou definitivamente em 10 de junho passado. No período, perdeu as duas rodas da frente e parte de sua capacidade de memória. Segundo a Nasa, a cada dificuldades, os engenheiros encontravam uma alternativa para o robô continuar seu trabalho.
O programa da Nasa de exploração de Marte continuará com os trabalhos do robô Curiosity, que já explora o planeta vermelho na Cratera Gale há seis anos. Em julho do ano que vem, dois novos robôs serão lançados, com a finalidade de buscar evidências de vida microbiológica no passado. São eles o Mars 2020, da Nasa, e o ExoMars, da Agência Espacial Europeia.
“Quando eu penso no Opportunity, lembro-me do lugar em Marte onde o nosso intrépido robô ultrapassou de longe as nossas expectativas”, disse John Callas, gerente do projeto de exploração do planeta com robôs. “Mas o que eu suponho celebrar mais é o impacto do Opportunity sobre nós aqui na Terra. Adeus, Opportunity, bom trabalho”.