Mudança climática pode prejudicar metade da produção global de café
Aumento da temperatura deve reduzir a quantidade de terras apropriadas para o cultivo em países como Brasil e Vietnã
As mudanças climáticas podem ter um impacto severo em regiões responsáveis pela produção dos melhores grãos de café do mundo. É o que aponta um estudo de pesquisadores da Universidade de Ciências Aplicadas de Zurique publicado nesta semana na revista científica Plos One.
De acordo com a equipe liderada por Roman Grüter, o aumento da temperatura global deve reduzir a quantidade de terras apropriadas para o cultivo de café arábica, responsável por grãos de maior qualidade, em alguns dos principais países produtores, incluindo Brasil e Colômbia, na América do Sul, e Vietnã e Indonésia, na Ásia. Alguns países da África também produzem bons cafés – e devem ser igualmente impactados. Ao mesmo tempo, as mudanças podem dar origem a novas regiões produtores, como China, Argentina e Estados Unidos.
Uma das soluções apontadas pelos pesquisadores para tentar mitigar os efeitos das alterações é a adoção de variedades mais adaptadas aos novos climas, bem como a utilização de outros tipos de grãos, como o robusta. Embora mais resistentes, eles são considerados inferiores em comparação com o arábica. De qualquer maneira, eles acreditam que as mudanças são irreversíveis e podem transformar o café em uma bebida cara, indicada apenas para ocasiões especiais.
O levantamento mostra também os prejuízos na produção de caju e abacates. Assim como o café, são produtos de exportação produzidos principalmente por meio da agricultura familiar. Mas os grãos foram considerados os mais vulneráveis, e o prejuízo financeiro dessa redução de terras apropriadas ao cultivo também é maior. Em 2022, os produtores de café esperam gerar US$ 460 bilhões em receita.