Morte de sucuri gigante causa revolta em Bonito, no Mato Grosso do Sul
Com 6,5 metros, Anajulia ficou famosa por estrelar documentários filmados na região
Um possível crime ambiental causou revolta em Bonito, no Mato Grosso do Sul. A sucuri Anajulia, atração na cidade e famosa por estrelar diversos documentários, foi encontrada morta em seu habitat natural.
A serpente de cerca de 6,5 metros foi avistada já em estágios avançados de decomposição no último domingo, 24, no rio Formoso, um ponto turístico da cidade. A Polícia Civil investiga as causas da morte, mas os levantamentos iniciais não indicam indícios de morte a tiros. “Se for comprovado que a morte foi provocada pelo ser humano, essa pessoa irá responder por crime contra a fauna”, disse em comunicado o delegado titular da Polícia Civil de Bonito, Pedro Ramalho.
O caso veio a público após uma postagem feita pelo fotógrafo e documentarista Cristian Dimitrius. “Que tristeza, que raiva!!!! Quem teria feito um absurdo destes?”, escreve ele na postagem. “Só digo que isso não vai ficar assim, vamos investigar e ir atrás dessa pessoa. Ela terá que prestar contas a justiça!”
Considerada um dos símbolos da sua espécies, Anajulia foi batizada por Dimitrius há cerca de 10 anos, quando gravava um documentário para a BBC. Ele conta que, desde então, a visitava ao menos uma vez por ano.
Após a perícia, que deve ocorrer nesta terça-feira, 26, o animal será levado para Campo Grande, onde será embalsamado.
Anajulia era uma sucuri verde. Há cerca de um mês, elas chamaram a atenção do mundo por uma nova espécie nativa da Amazônia ter sido registrada em um artigo publicado no periódico científico Diversity.
A espécie já estava sendo estudada pelo menos desde 2007, mas os especialistas encontraram uma dificuldade – ela não apresenta nenhuma diferença morfológica em relação às outras espécies de sucuris. A investigação avançou a passos largos, no entanto, quando durante a gravação de uma nova série para a National Geographic, estrelada por Will Smith, pesquisadores tiveram a chance de investigá-la mais de perto.
A extensão das diferenças apareceu nos detalhes. A investigação mostrou que existe uma disparidade de 5% entre a novíssima Eunectes akayima, mais comum na bacia norte da Amazônia, em comparação com a tradicional Eunectes murinus, que tem Anajulia como uma das representantes.