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Morre Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura, aos 86 anos

Um dos fundadores da Embrapa, o engenheiro agrônomo foi responsável por revolucionar a agricultura brasileira e recebeu o World Food Prize em 2006

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jun 2023, 11h26 - Publicado em 29 jun 2023, 11h24

O engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli, ex-ministro da Agricultura e criador da Embrapa, morreu na manhã desta quinta-feira (29), aos 86 anos, em Belo Horizonte. Ele estava internado no hospital Madre Teresa, em estado grave, após complicações decorrentes de uma cirurgia no quadril.

Natural de Bambuí, em Minas Gerais, Paolinelli é um dos grandes responsáveis por modernizar e transformar a agricultura brasileira na potência global que é hoje. Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras, começou a carreira política ainda jovem. Foi secretário estadual de agricultura de Minas Gerais durante o governo de Rondon Pacheco (1919-2016), em 1971, época em que participou da fundação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que agora completa 50 anos.

Em 1974, assumiu a pasta da Agricultura durante o governo do general Ernesto Geisel (1907-1996), função que exerceu até 1979. Por meio da pesquisa científica e da tecnologia foi responsável por expandir a atuação do agro brasileiro e levar o cultivo para áreas consideradas inférteis. O principal exemplo é o projeto Polo Centro, que usou recursos públicos e privados para ampliar a produção agrícola na região do Cerrado.

Com isso, o Brasil deixou de ser importador de alimentos para se tornar exportador, já na década de 1980. Hoje, o saldo positivo ultrapassa os US$ 75 milhões. Entre 1975 e 2020, a produção agrícola cresceu 384% e a produtividade, 500%. Dados do IBGE também apontam que houve um aumento de 73% no IDH de municípios de base agropecuária entre 1990 e 2010, indicando o impacto positivo das políticas de incentivo.

Após deixar o ministério, atuou ainda como presidente do Banco do Estado de Minas Gerais, foi deputado federal pelo Estado entre 1987 e 1991 e presidiu a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Atualmente, ocupada o cargo de presidente-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).

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Sua contribuição para a agricultura tropical foi reconhecida. Em 2006, recebeu o World Food Prize, prêmio mais importante do setor agrícola. Na ocasião, os organizadores do prêmio reconheceram o trabalho do ex-ministro. “Paolinelli liderou a transformação da vasta e outrora infértil região do Cerrado do Brasil em 40 milhões de hectares de terras agrícolas altamente produtivas. Desenvolveu políticas e estabeleceu instituições de pesquisa e infraestrutura que facilitaram os esforços dos agricultores para abrir o Cerrado para a produção agrícola”, dizia o comunicado oficial.

Nos últimos anos, amigos e colaboradores de longa data se mobilizaram em uma campanha para que ele fosse indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A indicação, no entanto, não veio, mas o próprio Paolinelli reconheceu o esforço e se sentiu reconhecido pela movimentação.

Desde o anúncio de sua morte, diversas instituições do agronegócio brasileiro e figuras públicas já se manifestaram lamentando a perda. “O Brasil perdeu um de seus maiores homens públicos. Alysson Paulinelli, com quem tive o privilégio de conviver durante a Assembleia Constituinte, conjugou como poucos profundo conhecimento técnico com enorme capacidade de ação”, escreveu o vice-presidente Geraldo Alckmin no Twitter. “Perdemos hoje o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, meu amigo e conselheiro de todas as horas. Tenho boas lembranças do seu brilhantismo nos encontros em Brasília, nos últimos anos. Foi ele quem transformou, nos anos 70, a Embrapa na jóia da nossa agropecuária. Seu nome estará para sempre inscrito no panteão dos grandes brasileiros!”, escreveu a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina.

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