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Lua de Saturno tem cara de Estrela da Morte e evidências de oceano

A descoberta pode trazer novas informações sobre o início das formações oceânicas no Sistema Solar e suas consequências

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h26 - Publicado em 7 fev 2024, 17h41

Em Mimas, uma pequena lua de Saturno que lembra a Estrela da Morte do filme Guerra nas Estrelas, há um curioso segredo: sob as crostas geladas de sua superfície está um “jovem” oceano, formado entre 5 e 15 milhões de anos atrás, que pode ajudar a explicar a origem da vida em nosso Sistema Solar. 

Com cerca de 400 km de diâmetro, e uma superfície seca e cheia de buracos, havia poucos indícios da existência de um oceano líquido no interior de Mimas. A novidade coloca a pequena lua em um seleto clube de luas com oceanos internos, que inclui Encélado, outra lua de Saturno, além de Europa, Calisto e Ganimedes, de Júpiter, e várias das luas de Urano. 

As superfícies fraturadas costumavam ser um indício de existência de águas oceânicas no interior de corpos celestes. Mas esse não é o caso de Mimas, que apesar de ter muitas crateras, não tem nenhuma fissura em sua superfície. Por esse motivo, acreditou-se por muito tempo que seu interior pudesse ser constituído por gelo ou rocha. Os movimentos da lua em sua trajetória em torno de Saturno, todavia, indicavam que a teoria do núcleo gelado e rochoso poderia não ser a mais adequada para Mimas. 

O estudo, publicado na Nature, analisou os dados coletados pela sonda Cassini, que orbitou o gigante gasoso entre 2004 e 2017. A partir das informações obtidas, os pesquisadores do Observatório de Paris, criaram um modelo e conduziram simulações replicando os movimentos de Mimas em torno de Saturno, considerando os diferentes efeitos produzidos por um núcleo rochoso ou um oceano assimétrico. 

As conclusões apontaram que para reproduzir os movimentos captados pela sonda Cassini em um cenário de núcleo rochoso, Mimas deveria ter o interior alongado em direção ao planeta, o que não é o caso. Isso faz com que a hipótese do oceano oculto seja a mais provável, dada a existência de condições semelhantes no Sistema Solar. 

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Os pesquisadores estimam que a formação do oceano é relativamente recente, com menos de 25 milhões de anos. A idade foi estimada a partir da análise das interações das marés de Mimas com Saturno, feitas com base na descoberta de uma irregularidade inesperada em sua órbita. O estudo sugere ainda que a interface gelo-oceano atingiu uma profundidade de cerca de 30 km há apenas dois ou três milhões de anos

Em suma, a existência de um oceano interno em Mimas destaca a complexidade e a diversidade dos corpos celestes do Sistema Solar, e oferece uma oportunidade única para estudar os processos de formação de oceanos e o potencial surgimento da vida em ambientes extremos.

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