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Infográfico: os dados do Inpe que mostram a devastação da Amazônia

Entre agosto de 2018 e julho de 2019, registrou-se aumento de 29,5% no desmatamento. VEJA compilou as informações que levaram a essa conclusão alarmante

Por Jennifer Ann Thomas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 nov 2019, 16h13 - Publicado em 20 nov 2019, 16h12

Na última segunda-feira 18, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, divulgou os dados sobre desmatamento no período entre agosto de 2018 e julho de 2019. De acordo com o órgão, a área de vegetação nativa desmatada aumentou 29,5% em comparação aos mesmos 12 meses anteriores. É a terceira maior alta da média histórica, que teve início em 1988, e o maior pico desde 2008. Em agosto deste ano, o físico e ex-diretor do Instituto, Ricardo Galvão, foi exonerado após polêmicas com relação à divulgação de dados sobre o desmatamento. Na primeira quinzena de julho, os dados mostraram que a devastação já havia superado em 68% todo o período acumulado do mesmo mês no ano anterior. O presidente Jair Bolsonaro chegou a insinuar que Galvão estaria “a serviço de alguma ONG” e a troca de farpas culminou na demissão do físico.

Três meses depois, as informações preliminares sobre a tendência de alta no desmatamento neste ano foram confirmadas pelo mesmo Inpe. Em coletiva de imprensa, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o aumento estava atrelado à “economia ilegal” da Amazônia e que “grande parte dos problemas vem de gestões anteriores”. Na manhã de hoje (20), Bolsonaro afirmou que não há como acabar com o desmatamento ou as queimadas no Brasil, pois seriam questões “culturais”.

De acordo com o diretor-executivo da ONG ambientalista WWF-Brasil, Maurício Voivodic, grande parte do problema está no fato de que o atual governo federal não enxerga o desmatamento como um problema para o país ou para as regiões no entorno das práticas criminosas. “De fato, houve uma tendência de crescimento da derrubada da Amazônia a partir de 2012, mas o que aconteceu no último ano é muito diferente”, afirmou. Para ele, os problemas começaram a partir do segundo governo de Dilma Rousseff e continuaram na gestão de Michel Temer, com a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e a redução de limites de algumas unidades de conservação na Amazônia. “Contudo, a flutuação que ocorreu nos governos anteriores era pulverizada, em pequenas áreas, que representavam a agricultura familiar e o produtor rural que desmataram um pouco a cada ano. Agora estamos vendo o reflexo do senso de impunidade, com áreas desmatadas acima de 500 hectares. É um padrão completamente diferente das gestões anteriores”, explicou.

Junto a isso, Voivodic criticou a afirmação do ministro sobre a economia ilegal ser a responsável. “Essa fala é absolutamente óbvia. Sempre foi assim, o desmatamento sempre foi empurrado por atividades ilegais. A diferença é que agora elas são incentivadas. A promoção da legalização é um estímulo para que os crimes continuem, com a percepção de que serão regularizados. Se as atividades forem legalizadas, o desmatamento ficará totalmente fora de controle”, declarou.

Para as mudanças climáticas, os efeitos estão próximos de se tornarem irreversíveis. Segundo o climatólogo e pesquisador da Universidade de São Paulo, Carlos Nobre, o chamado “ponto de não retorno” está mais próximo do imaginado. “Nas regiões sul e sudeste da Amazônia, a estação seca se tornou quase um mês mais longa do que deveria ser. O efeito é amplificado em áreas altamente desmatadas,, onde as temperaturas são 3ºC mais altas”, explicou. Como resultado, a floresta perde menos água por transpiração e começa a dar sinais de que está excessivamente estressada. De acordo com Nobre, o “ponto de não retorno” significa que entre 50% e 60% da floresta irá, gradualmente, no intervalo de 30 a 50 anos, se transformar em uma savana tropical, um tipo de cerrado mais degradado.

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Tanto Voivodic quanto Nobre defendem que ainda é possível reverter o cenário atual, contanto que haja ação política, medidas de reflorestamento e de combate à devastação da floresta. “Para recuperarmos o estrago, temos que atingir o desmatamento zero em poucos anos e dar início a uma enorme restauração florestal. Precisamos recuperar mais de 100 mil quilômetros quadrados no sul e no sudeste da Amazônia em uma década”, decretou o climatólogo da USP.

Segundo os dados mais recentes do Inpe, quatro estados foram responsáveis por 84% do território desmatado no período de um ano: o Pará, com 39,56% da área desmatada; e Mato Grosso, Amazonas e Rondônia lideraram na sequência, com 17,26%, 14,56% e 12,75%, respectivamente. Veja a seguir os principais números sobre o desmatamento desde 1988. Pois às vezes, para que todos entendam, é preciso, como versa o ditador popular, “desenhar”.

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