A Grande Esfinge de Gizé, no Egito, é um dos monumentos mais conhecidos do mundo. Com o corpo de um leão em repouso e a parte superior esculpida na forma da cabeça de um faraó, o monolito foi moldado há cerca de 4.500 anos. Agora, um estudo científico aponta que os humanos não foram os únicos envolvidos nesse trabalho.
Não, a resposta não está nos alienígenas, como foi sugerido por muito tempo, mas na natureza. De acordo com um artigo publicado nesta quinta-feira, 16, no periódico científico Physical Review Fluids, o vento pode ter dado a forma básica ao monolito, que depois teria sido esculpido pelos egípcios em homenagem ao rei.
Para isso, os pesquisadores da Universidade de Nova Iorque (NYU) aplicaram um fluxo rápido de água a uma mistura de argila. Enquanto a água representa o vento responsável pela erosão, a argila fez o papel do terreno encontrado no nordeste do Egito. O que eles viram é que o fluxo poderia dar origem a estrutura básica do felino em repouso.
“Os nossos resultados fornecem uma teoria simples sobre como formações semelhantes à Esfinge podem surgir da erosão”, diz o autor sênior do estudo, Leif Ristroph, ao site da NYU. “De fato, existem hoje alguns Yardangs que se parecem com animais sentados ou deitados, dando apoio às nossas conclusões.”
Yardangs são formas geológicas irregulares, em forma de coluna, que são encontradas no deserto. Essas estruturas são esculpidas em rochas pela ação abrasiva do vento, de maneira dependente da força e da direcionalidade do fluxo.
O geólogo da Nasa, Farouk El-Baz, já havia sugerido esse possibilidade em 1980, mas sem evidencias fortes que pudesse dar suporte a teoria. “Os antigos engenheiros podem ter optado por remodelar a cabeça à imagem de seu rei”, escreveu, em 2001. “Eles também lhe deram um corpo semelhante ao de um leão, inspirado nas formas que encontraram no deserto.”
De acordo com os autores, a melhor compreensão desse processo é importante para entender a formação de rochas e ajudar na preservação dessas grandes estruturas históricas.