Gás carbônico no ar atinge níveis recordes, aponta levantamento
Aumento acentuado pode ser reflexo da aproximação do El Niño
Desde a década de 1960, cientistas reconhecem o papel de gases como dióxido de carbono e metano no efeito estufa e, desde lá, autoridades e ambientalistas têm lutado pela redução das emissões para mitigar os efeitos do aquecimento global. Esse esforço, contudo, não parece estar sendo suficiente. De acordo com um levantamento divulgado nesta segunda-feira, 5, em maio a quantidade de gás carbônico na atmosfera chegou ao maior nível já registrado.
A quantidade da substância no ar é medida em partes por milhão (ppm). No mês passado, o número registrado foi 424 ppm, um aumento de três unidades em comparação com o ano passado. As variações mais recentes têm ocorrido em ritmo recorde, com aumentos duas ou três vezes maiores do que há 10 ou 20 anos atrás, quando os acréscimos anuais eram de 1 ppm em média. Os pesquisadores sugerem que esse crescimento mais acentuado pode ser um sinal da aproximação do El Niño, fenômeno que faz com que esses níveis tendam a aumentar mais rápido.
A quantidade recorde desse gás e o aumento contínuo preocupam as autoridades porque o CO2 se mantém na atmosfera influenciando o efeito estufa por milhares de anos. Portanto, é necessário que as reduções nas emissões sejam feitas agora para que o efeito no clima só seja efetivado daqui algumas décadas.
Outra preocupação é a dificuldade de prever as possíveis consequências. Os números atuais, 50% mais altos do que os níveis pré-industriais, são os maiores dos últimos quatro milênios, quando a temperatura era 4ºC mais quente e o nível do mar, de 5 a 25 metros mais alto. Naquela época o aumento foi muito mais gradual, mas a tendência no ritmo atual é que o efeito seja ainda mais extremo.
Essas medições são feitas no Havaí, ontem os registros ocorrem há mais tempo, desde 1958. As anotações acontecem em maio pois é quando a saturação de gás carbônico atinge seu ponto mais alto. Ao longo dos meses seguintes, quando a primavera e o verão no hemisfério norte estimulam uma maior atividade das plantas, esse níveis tendem a diminuir até que, em novembro, as quantidades voltem a subir.