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Fóssil revela momento raro de um mamífero atacando um dinossauro

Dinossauros e mamíferos coexistiram há aproximadamente 230 milhões de anos, mas evidência fóssil dessas relações é rara

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 jul 2023, 18h44
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  • A Era dos Dinossauros pode ser tudo, menos entediante. Repleta de criaturas únicas e interações incomuns, ela é capaz de despertar o interesse de qualquer pessoa. Um grupo de cientistas chineses e canadenses, porém, demonstrou que esse período pode ir muito além do imaginado. Os pesquisadores encontraram indícios de uma relação surpreendente: um fóssil de cerca de 125 milhões de anos foi capaz de revelar um momento único – e dramático – em que um mamífero carnívoro ousou atacar um dinossauro hebívoro maior.  

    De acordo com o estudo publicado nesta terça-feira, 18, na prestigiada revista Scientific Reports, os animais travavam um combate mortal. “O resultado mais importante de nosso artigo é a percepção de que as interações dinossauro-mamífero durante a Era Mesozóica não eram simplesmente unidirecionais, com os dinossauros maiores comendo os mamíferos menores” diz Jordan Mallon, paleobiólogo do Museu Canadense da Natureza e coautor do estudo. “Em vez disso, as relações ecológicas eram mais complexas do que supúnhamos anteriormente, e agora é evidente que, pelo menos ocasionalmente, alguns dos pequenos mamíferos podia atacar até dinossauros quase adultos”. 

    Registro fóssil da briga entre Psitacossauro (dinossauro) e Repenomamus (mamíferos) -
    Registro fóssil da briga entre Psitacossauro (dinossauro) e Repenomamus (mamíferos) – (Gang Han/Reprodução)

     

     

    Embora dinossauros e mamíferos tenham coexistido por aproximadamente 230 milhões de anos, e possam ter interagido de diversas maneiras nesse intervalo, evidências fósseis dessas relações são raras. Nesse caso, o inusitado fóssil põe em xeque a visão de que os dinossauros viviam um reinado tranquilo e sem ameaças durante o período Cretáceo. “Isso não é algo que teríamos adivinhado apenas pelos ossos, então associações esqueléticas entre espécies, como essa, nos fornecem uma espécie de salto quântico em nosso conhecimento da ecologia dos ecossistemas de dinossauros”, complementa Mallon.

    Reconstrução gráfica mostrando psitacossauro (dinossauro) sendo atacado por Repenomamus (mamífero) há 125 milhões de anos -
    Reconstrução gráfica mostrando psitacossauro (dinossauro) sendo atacado por Repenomamus (mamífero) há 125 milhões de anos – (Michael W. Skrepnick / Canadian Museum of Nature/Divulgação)

    O dinossauro preservado no fóssil seria da espécie psitacossauro, que está longe de ser o mais assustador entre os répteis pré-históricos, tendo o tamanho aproximado de um cachorro de grande porte, mesmo assim, era bem maior que seu oponente. A espécie viveu na Ásia durante o Cretáceo Inferior, há cerca de 125 a 105 milhões de anos, e está entre os primeiros dinossauros com chifres conhecidos. Já o mamífero seria da espécie Repenomamus robustus, um ancestral distante dos furões. Embora não fosse grande para os padrões dos dinossauros, estava entre os maiores mamíferos do Cretáceo, numa época em que os mamíferos ainda não haviam dominado a Terra.

    A interação entre as duas espécies não é necessariamente desconhecida pela ciência, já que bebês fossilizados do réptil já foram encontrados no estômago de Repenomamus fossilizados. Todavia, o comportamento ameaçador e predatório do mamífero é uma novidade para os pesquisadores. Assim como o registro dessa briga em forma de fóssil, que foi preservado graças a uma erupção vulcânica.

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