Fóssil de ‘primo’ da estrela do mar com 410 milhões de anos é encontrado
Registro é o mais antigo de um Ophiuroidea encontrado na região que pertencia ao supercontinente de Gondwana

Em 2015, quando o paleontólogo e pesquisador da Museu Albany, na África do Sul, Rob Gess, fazia uma análise para avaliar os impactos da construção de uma nova linha de energia, próxima ao Vale do Rio Kromme, na pequena cidade de Humansdorp, ele fez uma descoberta surpreendente – cravado em uma rocha, estava o fóssil de um Ophiuroidea, uma espécie prima da estrela do mar. Análises posteriores revelaram que o espécime tinha nada menos que 410 milhões de anos, sendo o mais antigo registro deste animal encontrado na região que um dia pertenceu ao supercontinente de Gondwana.
“O nível de detalhe nos deixou sem palavras – desde as placas finas em seu corpo até os espinhos minúsculos e eriçados”, afirma em nota Caitlin Reddy, aluna de mestrado responsável por estudar o fóssil e autora do artigo publicado nesta quarta-feira, 25, no periódico científico PLoS ONE. “Este grau de preservação é surpreendente e muito raro!”
De fato, não é fácil encontrar fósseis do Ophiuroidea. Além de viverem no fundo do mar, se alimentando de restos e carcaças, o animal se desintegra muito rapidamente após a sua morte, o que torna os fósseis extremamente raros. Hoje, mais de 2 mil espécies desses equinodermos já foram descritas, mas a encontrada por Gess e Reddy pertencem a um grupo novo, que foi nomeado Krommaster spinosus, em homenagem à região em que foi encontrado.
Esse animal é constituído por pequenas placas que se unem para formar os braços e que diferem entre cada espécie. A característica mais peculiar desse novo grupo, no entanto, foi a presença de longos espinhos que cobrem toda a superfície do animal. Esse achado deve ajudar a elucidar a longa história evolutiva dos Ophiuroidea, pois além de ser o mais antigo da Gondwana, ele é um dos poucos referentes à região polar, onde a África do Sul localizava no extinto supercontinente.

“Sempre achei completamente incrível, quase mágico, que possamos encontrar congelados no tempo, registros de momentos tão passageiros”, afirma, em nota, Rob Gess. “Aqui, podemos ver estas estrelas frágeis, entrelaçadas entre um monte de velhas conchas, exatamente como eram num minuto de um dia, há 410 milhões de anos, quando foram subitamente sufocadas pela lama. É completamente emocionante.”