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Ex-ministro de Itamar Franco e FHC, José Israel Vargas morre, aos 97 anos

Cientista esteve entre os formuladores da política de energia nuclear do Brasil no início dos anos 1960

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 Maio 2025, 15h18

José Israel Vargas, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-ministro, morreu nesta quinta-feira, 15, aos 97 anos.

Nascido em Paracatu, Minas Gerais, em 1928, Vargas formou-se em química pela UFMG, estudou física no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e obteve doutorado em ciências nucleares pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Após retornar ao Brasil, Vargas atuou como professor da UFMG, dirigindo o Instituto de Pesquisas Radioativas, foi assessor técnico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Ele esteve entre os formuladores da política de energia nuclear do país no início dos anos 1960.

Em 1964, seu laboratório foi tomado, ele foi demitido da CNEN e afastado da UFMG. Em seguida, passou cerca de sete anos na França, atuando como pesquisador e líder de grupo no Centro de Estudos Nucleares do Comissariado de Energia Atômica, em Grenoble.

Em sua carreira acadêmica, desenvolveu trabalhos sobre as transformações nucleares em sólidos, observadas por meio das interações hiperfinas, buscando entender o que ocorre com o átomo que sofre uma transformação nuclear. Também se dedicou ao planejamento e modelagem de sistemas energéticos.

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Serviço público

Na área pública, foi secretário de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais e Ministro da Ciência e Tecnologia de 1992 a 1999, nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Como ministro, coordenou a expansão da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e trabalhou no aperfeiçoamento do Sistema Nacional da Propriedade Intelectual, a Metrologia e a Normatização.

Vargas também desempenhou funções internacionais. Foi membro da Comissão Assessora para as Políticas de Cooperação Intelectual Internacional da Unesco, integrou o Conselho do Instituto de Estudos Avançados da Universidade das Nações Unidas, colaborando em um projeto de pesquisa de linguagem entre computadores para tradução automática. Foi embaixador do Brasil na Unesco e presidiu seu Conselho Executivo. Presidiu a Academia Brasileira de Ciências (ABC) de 1991 a 1993 e a Academia Mundial de Ciências (TWAS) por dois mandatos.

Repercussão

Em nota, a ABC destaca que José Israel Vargas foi defensor da energia nuclear e crítico do corporativismo na ciência brasileira.

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A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) informou que o velório será realizado no saguão do prédio da Reitoria da UFMG. A Reitora Sandra Goulart Almeida manifestou que Vargas teve uma “longa e significativa história” com a UFMG e sempre demonstrou “grande carinho” pela instituição, ressaltando a importância do legado que ele deixa.

O governo federal, por meio de nota de pesar assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou o falecimento. A nota destacou sua “reconhecida carreira acadêmica no campo das ciências nucleares” e “importantes contribuições às políticas públicas”. Mencionou que Vargas “sempre defendeu a produção e a aplicação do conhecimento científico no Brasil” e “denunciou corajosamente o obscurantismo que enfrentamos no passado recente”.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) destacou em nota de pesar que a trajetória de Vargas foi marcada pelo “firme compromisso com o avanço da ciência, tecnologia e inovação no Brasil e no mundo”. A Sociedade Brasileira de Química ressaltou que o legado de Vargas é “imenso e inspirador”, marcado pelo “compromisso com o desenvolvimento científico, pela defesa da educação pública de qualidade e pela promoção da ciência”.

Vargas era viúvo e deixa as filhas Maria, Joana e Cláudia.

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