Estudo desvenda a chave da absorção do dióxido de carbono pelos oceanos
Pesquisa indica que os protagonistas desse processo estão na base da cadeia alimentar oceânica
O efeito estufa e a alta concentração de carbono na atmosfera são problemas que assustam quem se importa com o planeta. Para dirimir essas questões, um pequeno aliado tem se mostrado indispensável. Os fitoplânctons têm sido essenciais para a regulação das concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Um novo estudo busca entender o papel desses agentes sequestradores de carbono para o equilíbrio da vida na Terra.
O oceano removeu cerca de um terço do CO2 liberado pelos seres humanos desde a Revolução Industrial. Isso faz dele um dos maiores sumidouros de dióxido de carbono existentes. Compreender o papel da água nesse processo é fundamental para criar alternativas e reduzir danos.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade Autônoma de Barcelona descobriu que a troca de carbono entre a atmosfera e o oceano é modulada quase integralmente por um único grupo de plâncton fotossintetizante, um fitoplâncton calcificante marinho chamado cocolitóforos. Esses pequenos organismos vivem nas camadas iluminadas dos oceanos e formam placas elaboradas de carbonato de cálcio (CaCO3). Essas camadas produzidas pelos fitoplânctons podem, inclusive, ser vistas em lugares como os penhascos brancos de Dover.
No estudo, publicado no periódico científico Nature Communications, os pesquisadores descobriram que os cocolitóforos, com menos de um centésimo de milímetro de tamanho e formando a base da cadeia alimentar aquática, são responsáveis por 90% da produção de carbonato de cálcio e um dos maiores contribuintes para a regulação dos níveis atmosféricos de CO2. Eles também são fundamentais para o controle químico dos oceanos, regulando os níveis de acidificação da água. Esta pesquisa destaca que os outros dois principais grupos planctônicos calcificadores, zooplâncton (pterópodes) e foraminíferos, desempenham um papel secundário no contexto da modulação do CO2 atmosférico.
Além disso, o estudo também revelou que, em vez de afundar, a maior parte do CO2 convertido em carbonato de cálcio se dissolve em águas rasas, onde o carbono é mais facilmente trocado com a atmosfera e há maior incidência de luz solar. A dissolução do carbonato mais próximo da superfície mostra que o processo de troca de carbono entre oceano e atmosfera é mais complexa do que se supunha inicialmente. Entender esse tipo de dissolução é fundamental para a compreensão do papel dos calcificadores planctônicos na regulação do CO2 atmosférico. Isso é importante, pois mais dissolução aumentará a capacidade da água de reter CO2.