Estudo aponta uso de alucinógenos já na Idade do Bronze
Evidências foram encontradas em amostras de cabelo e são a primeira comprovação direta do uso durante a pré-história tardia

As drogas alucinógenas têm ganhado evidência pelo potencial terapêutico e pelo aumento do uso recreativo entre os jovens. Um estudo publicado nesta quinta-feira, 6, na revista Scientific Reports, aponta que humanos usam plantas com esses efeitos pelo menos desde a Idade do Bronze.
Os arqueólogos envolvidos na pesquisa investigaram amostras de cabelo encontradas na caverna Es Càrritx, na ilha espanhola de Minorca. O material continha traços de atropina, escopolamina e efedrina, substâncias alucinógenas e estimulantes encontradas em plantas como a mandrágora e o castanheiro-do-diabo.
Amostras capilares são bons materiais para estudo desse tipo, pois elementos químicos presentes na corrente sanguínea são capturados pelos fios, o que justifica o uso em exames toxicológicos, por exemplo. No entanto, é raro encontrar cabelo preservado dessa época.

O material analisado data de aproximadamente 3 mil anos atrás e foi encontrado dentro de pequenos recipientes. Na caverna também estima-se que estejam enterrados cerca de 210 corpos, o que sugere a sua utilização como um espaço funerário. O cabelo guardado provavelmente fazia parte de um rito mortuário.
Outros estudos já haviam encontrado resquícios de drogas em materiais pré-históricos, como contêineres de bronze e representações artísticas, mas essa é a primeira evidência direta de que essas substâncias foram mesmo consumidas, provavelmente, durante rituais xamânicos.