Emissão de gases que destroem a camada de ozônio volta a aumentar
Os níveis atmosféricos de cinco CFCs aumentaram rapidamente, mas ainda não oferecem perigo; camada de ozônio deve se restabelecer até 2060
Há quase 40 anos, um buraco descoberto na camada de ozônio acendeu um alerta de perigo para toda a sociedade. Em resposta, um esforço científico e governamental colocou de pé o Protocolo de Montreal, que propôs o banimento total dos gases responsáveis pelo desastre até 2010. O acordo foi um dos mais bem sucedidos do mundo, mas uma notícia recente voltou a preocupar a comunidade internacional.
Um estudo publicado na Nature Geoscience aponta que, entre 2010 e 2020, os níveis de emissão de pelo menos cinco desses gases voltaram a crescer. Segundo Martin Vollmer, pesquisador suíço que participou das análises, a tendência esperada era que a quantidade desses elementos diminuísse lentamente. “Isso não deveria estar acontecendo”, afirmou, em entrevista à Nature.
Os clorofluorcarbonetos (CFCs) eram utilizados em aerossóis e equipamentos de refrigeração. Quando liberados, persistem na atmosfera por centenas de anos, onde colaboram com o efeito estufa e reagem com o ozônio, componente atmosférico que protege a Terra de níveis prejudiciais de radiação ultravioleta.
Acredita-se que aumento da quantidade de pelo menos três desses gases seja consequência de vazamentos acidentais. Durante a produção de hidrofluorcarbonetos (HFCs), que substituíram os produtos nocivos, pequenas quantidades desses CFCs podem ser produzidas como subprodutos, o que justifica tal observação. A origem dos outros dois químicos, contudo, ainda é desconhecida.
Apesar de preocupante, os níveis elevados desses gases ainda não representam perigo para a recuperação da camada de ozônio, que, estima-se, deve se estabelecer totalmente até 2060. A rápida detecção ainda reforça a efetividade e a importância dos grupos de monitoramento criados pelo Protocolo de Montreal.