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E a La Niña? Sob incerteza, previsão é de início até o fim da primavera

Agências apontam para alta probabilidade de ocorrência, mas especialistas questionam o prenúncio

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 set 2024, 09h44

Desde o fim do El Niño, ao apagar das luzes do primeiro semestre, cresceu o questionamento sobre quando começaria a La Niña e quão impactantes seriam suas consequências. A expectativa era de que ela se constituiria, ou ao menos daria sinais, até o fim do inverno, o que ainda não ocorreu. Apesar disso, sob o questionamento de especialistas, agências meteorológicas mantém alta a probabilidade de início até o fim da primavera. 

Para a Organização Meteorológica Mundial (WMO), as chances de início do fenômeno até novembro são de 55%, valor 15% inferior ao previsto em junho, para o mesmo período. Contudo, para a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), agência climática americana, as chances são maiores. Para eles, a possibilidade é de 81% até dezembro. 

Muitos meteorologistas se mantêm céticos em relação à ocorrência de La Niña este ano. Isso acontece porque, para que o início seja oficializado, a temperatura média do Oceano Pacífico Equatorial Centro-Leste deve ficar 0,5 graus abaixo da média por semanas a fio. Por enquanto, no entanto, as variações estão pequenas, dentro da faixa da neutralidade. “Não haverá a declaração de um evento tão cedo”, disse a MetSul meteorologia, em comunicado. “A tendência […] é de continuidade da fase neutra do Oceano Pacífico ao menos no curto prazo.”

Quais os efeito da La Niña no Brasil?

Após o efeito do El Niño em intensificar os episódios de calor e eventos extremos, a expectativa era de que a La Niña pudesse amenizar esse cenário. Como mostrado por reportagem de VEJA, no entanto, isso não deve ocorrer. “Mesmo que surja um evento de resfriamento de curto prazo do tipo La Niña, ele não mudará a trajetória de longo prazo de aumento das temperaturas globais devido aos gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera”, disse Celeste Saulo, secretária geral da WMO, em comunicado. 

De fato, o fenômeno, embora natural, pode se somar aos efeitos já observados do aquecimento global. No Brasil, por exemplo, a tendência é que aumente as chuvas no norte, o que pode reverter o baixo nível dos rios, mas no Sul, a tendência é de agravamento da seca. Não por acaso, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) emitiu um comunicado na última sexta-feira, 20, pedindo uma ação global para mitigar os possíveis efeitos da La Niña. 

Por aqui eles já são conhecidos. Como efeito do aquecimento global, a última La Niña foi atípica e se manteve entre 2020 e 2022, período de duração muito superior ao usual, que não costuma chegar à um ano. A consequência, em especial no Rio Grande do Sul, foi uma grande estiagem, com um prejuízo de 70 bilhões de reais para o agronegócio. 

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Por enquanto é impossível saber se isso vai se repetir. Para as agências especializadas, a expectativa, pelo menos por enquanto, é que, se o fenômenos se estabelecer, ele dure até março de 2025. 

O que é a La Niña?

A manifestação se dá pelo mesmo mecanismo que o El Niño. “A La Niña ocorre quando os ventos alísios se intensificam, deslocando a camada superficial de água quente do Pacífico e, consequentemente, promovendo seu resfriamento”, afirmou a professora de Oceanografia e Clima da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Coordenadora dos Grupos de trabalho sobre Risco Climático e Ondas de Calor Marinhas do Programa Mundial de Pesquisas Climáticas da ONU, Regina Rodrigues, em entrevista concedida a VEJA em maio. 

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Ventos alísios são massas de ar que se deslocam de maneira persistente dos trópicos para o equador. Quando esse evento arrefece, as águas no Pacífico ficam acima da média, causando o El Niño. Por outro lado, quando a corrente se fortalece, as temperaturas diminuem, levando ao fenômeno oposto. 

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