Namorados: Assine Digital Completo por 5,99

Corte do chifre reduz em 78% a caça de rinocerontes na África, mostra estudo

Pesquisadores analisaram dados de 11 reservas e comprovaram que a retirada dos chifres desestimula caçadores e salva centenas de animais por ano

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 jun 2025, 14h30

Um novo estudo publicado na revista Science Advances revelou que remover os chifres de rinocerontes é uma das estratégias mais eficazes para reduzir a caça ilegal desses animais. A prática foi adotada em oito das 11 reservas analisadas no entorno do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, e resultou em uma queda de 78% nos casos de caça.

Entre 2017 e 2023, mais de dois mil rinocerontes tiveram os chifres retirados nessas áreas. A razão é simples: os caçadores buscam o chifre para vendê-lo no mercado ilegal, especialmente em países da Ásia, onde ainda existe a crença de que ele tem propriedades medicinais. Como o chifre é feito de queratina — o mesmo material das unhas humanas —, ele pode crescer novamente ao longo do tempo. Mas sua ausência retira o valor comercial imediato do animal e, com isso, o interesse dos caçadores.

Como o corte do chifre afeta a vida do rinoceronte?

Apesar de parecer uma medida extrema, o procedimento é considerado seguro e indolor. Os animais são sedados, e apenas a parte externa do chifre é retirada, preservando a base responsável por seu crescimento. A operação é rápida, leva cerca de dez minutos, e deve ser repetida a cada 18 a 24 meses, já que o chifre volta a crescer naturalmente.

Estudos mostraram que a retirada não afeta a reprodução nem a expectativa de vida dos rinocerontes. Pode haver pequenas mudanças no comportamento — como o uso de territórios menores —, mas os especialistas destacam que os benefícios superam em muito esses efeitos. Durante o procedimento, equipes também aproveitam para inserir chips de rastreamento e coletar dados que ajudam no monitoramento da espécie.

Quanto custa proteger um rinoceronte?

Além de eficaz, o corte do chifre se mostrou muito mais barato do que outras estratégias de proteção. Os pesquisadores estimam que a técnica consumiu apenas 1,2% do orçamento total de segurança das reservas, e foi responsável pela maior parte da redução na caça. Para efeito de comparação, o custo médio por animal salvo foi de cerca de 7 mil dólares, enquanto o gasto com medidas como cercas, drones, cães farejadores e equipes de patrulha foi bem mais alto e com resultados menos expressivos.

Continua após a publicidade

Mesmo com um investimento estimado em 74 milhões de dólares em medidas tradicionais de combate à caça, o estudo concluiu que nenhuma delas, sozinha, teve impacto significativo na redução da morte dos rinocerontes. Em regiões onde a retirada dos chifres foi feita de forma ampla e coordenada, a taxa de risco caiu de 13% para 0,6% ao ano.

Cortar o chifre resolve o problema da caça ilegal?

Os pesquisadores são claros ao dizer que a medida não é uma solução definitiva, mas sim uma forma de ganhar tempo. Ao tornar os animais menos valiosos para o mercado ilegal, o corte do chifre ajuda a conter a matança, mas não elimina as causas do problema. A caça de rinocerontes está ligada a fatores complexos como pobreza extrema, corrupção, fragilidade das leis e crime organizado internacional.

Além disso, o chifre volta a crescer. E mesmo o que sobra — uma base com cerca de 10 a 15 centímetros — ainda pode atrair caçadores. Em áreas onde o procedimento foi feito de forma incompleta, como partes do Parque Kruger, rinocerontes sem chifre também foram mortos.

Por isso, os autores do estudo defendem que o corte do chifre seja complementado por outras ações, como combate à corrupção, apoio às comunidades locais e redução da demanda por chifre no mercado consumidor. O objetivo, segundo eles, é reduzir não só o lucro, mas também a oportunidade de cometer o crime.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
ESPECIAL NAMORADOS

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.