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Como ter uma supermemória, de acordo com a ciência

Uma técnica utilizada desde a Grécia Antiga pode tornar a mente altamente eficaz, mais que dobrando a capacidade de memorização, sugere estudo

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 19h02 - Publicado em 8 mar 2017, 18h47

Uma técnica simples, conhecida por ser utilizada na Antiguidade por oradores gregos e romanos, pode fazer com que qualquer pessoa tenha uma supermemória, sugere um estudo publicado nesta quarta-feira no periódico científico Neuron. Segundo pesquisadores da Universidade Radboud, na Holanda, o exercício, conhecido como Palácio da Memória, pode mais que dobrar a capacidade de guardar e resgatar lembranças, tornando as conexões cerebrais muito semelhantes às apresentadas por campeões mundiais de testes de memória. De acordo com os cientistas, o excelente desempenho em conservar lembranças não é devido a alterações físicas ou anatômicas – o único segredo para isso é o treino, capaz de ampliar as conexões da mente.

“Depois do treinamento percebemos que o desempenho em testes de memória melhora consideravelmente. Os exercícios não apenas induzem mudanças comportamentais, mas também levam a padrões de conectividade cerebrais muito parecidas com as vistas em ‘atletas de memória’”, afirma o neurocientista Martin Dresler, professor da Universidade Radboud, em comunicado.

Super memória

Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram o cérebro de 23 “campeões de memória”, pessoas como Boris Konrad, um dos autores do estudo, capaz de memorizar cerca de 500 dígitos ou cem palavras em cinco minutos. Konrad, que é pesquisador na universidade holandesa e faz parte de uma elite de “campeões de memorização”, pessoas que participam de campeonatos como os organizados pelo World Memory Championships, ajudou os cientistas a entrar em contato com outros experts em guardar informações, que tiveram as conexões cerebrais estudadas por meio de ressonância magnética (fMRI). Os cientistas também analisaram o cérebro de 23 voluntários, com idade e condições de saúde parecidas com a dos “campeões de memória”, mas sem nenhuma habilidade notável em memorização de dados.

Surpreendentemente, os cientistas não verificaram diferença anatômica alguma entre o cérebro dos “campeões de memória” e as pessoas comuns, mas perceberam que os “campeões” demonstravam padrões de conectividade cerebral bem mais numerosas que os voluntários. Por meio de entrevistas, o cientistas perceberam que os “campeões” não haviam nascido com nenhuma habilidade diferente de memorização, mas, utilizando técnicas mnemônicas, alcançaram os resultados excelentes em testes de memória.

Os pesquisadores resolveram, então, chamar 51 indivíduos que nunca haviam sido submetidos a técnicas de memorização e pediram para que fizessem dois tipos de exercício de memória – um deles o chamado Método loci ou Palácio da Memória, técnica utilizada por oradores gregos e romanos para memorizar seus discursos, que consiste em fazer uma jornada imaginária por um local conhecido e relacionar alguns pontos da rota às informações que devem ser armazenadas. Os indivíduos tiveram as conexões cerebrais analisadas antes e depois da utilização das técnicas.

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Antes do treinamento, sessões de trinta minutos diários durante quarenta dias, os voluntários conseguiram recordar entre 26 e trinta palavras de uma lista – depois, conseguiam recordar em torno de 65 palavras. Um dia após o treinamento, os indivíduos ainda eram capazes de se lembrar de 22 palavras a mais que antes da utilização da técnica. Segundo as análises de ressonância magnética, o cérebro de quem participou do treinamento mudava, exibindo padrões de conexões muito parecidos aos dos “campeões de memória”.

“Uma vez que alguém está familiarizado com as estratégias e sabe como aplicá-las, é possível manter o desempenho altíssimo, mesmo sem muito treinamento”, explica Dresler.

De acordo com os pesquisadores, o estudo demonstra que todos possuem “áreas cerebrais” que podem ser exploradas e expandidas, melhorando a memória e as conexões da mente.

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