Cientistas sugerem hipótese para o interior da Lua
Pesquisa mostra que núcleo lunar pode ser semelhante ao da Terra, com uma camada fluida e outra mais sólida

Apesar de ser um dos objetos celestes que mais conhecemos, a Lua ainda guarda alguns mistérios. Uma investigação minuciosa, cujos resultados foram publicados na revista Nature, revela do que pode ser composto o núcleo interno do nosso satélite natural. De acordo com o artigo, há uma bola sólida com densidade semelhante à do ferro. Com essas conclusões, os pesquisadores esperam criar novas hipóteses sobre sua origem.
Em geral, a sondagem da composição interna dos corpos que compõem o sistema solar são feitas a partir de dados sísmicos, foi assim que identificaram o que há no interior da Terra e de Marte, por exemplo. O modo como as ondas geradas por terremotos se movem, costuma ser um meio eficiente para detectar os materiais que se escondem sob a crosta. O caso lunar, no entanto, sofreu alguns pequenos reveses.
Dados sísmicos foram coletados pela Missão Apolo, mas devido a baixa resolução, não foi possível determinar com precisão o estado físico e os componentes do núcleo da Lua. O que sabemos é que na parte mais externa do núcleo há algum tipo de elemento fluido, mas sua especificação ainda permanece desconhecida. Além disso, os dados colhidos pela Apolo não ajudaram a responder se o núcleo interno era sólido ou fluido, como sua parte externa.
A fim de responder essas questões, pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França coletaram dados de missões espaciais e experimentos de laser lunar para compilar um perfil de características. Os dados incluem o grau de deformação lunar por interação gravitacional com a Terra, variações de distância entre o satélite e nosso planeta e densidade. A partir dessas informações, eles desenvolveram modelos que englobam vários tipos de núcleo, com o objetivo de descobrir qual combinava mais com os dados observados.
As descobertas revelaram que os modelos mais compatíveis com o que sabemos são os que descrevem uma reviravolta ativa nas profundezas de seu manto. Isso significa que o material mais denso vai em direção ao centro, enquanto o material menos denso flutua para a superfície, em um movimento conhecido como convecção.
Além disso, eles concluíram que o núcleo lunar é semelhante ao da Terra, ou seja, com uma camada fluida e um núcleo interno sólido. De acordo com a modelagem, o núcleo externo tem um raio de cerca de 362 quilômetros e o núcleo interno tem um raio de 258 quilômetros. Isso é cerca de 15% de todo o raio da Lua. O núcleo interno também tem uma densidade de cerca de 7.822 quilos por metro cúbico. Isso é muito próximo da densidade do ferro. Esses resultados confirmam hipóteses levantadas em 2011, levantadas a partir de dados da missão Apolo.
Essas revelações tem algumas implicações interessantes para a evolução da Lua. Logo depois de sua formação, a lua tinha um poderoso campo magnético, que começou a declinar há cerca de 3,2 bilhões de anos. Esse campo é gerado pelos movimentos de convecção que acontecem no núcleo. Por esse motivo, descobrir o que compõe o núcleo lunar é fundamental para explicar as razões que levaram ao enfraquecimento de seu campo gravitacional. Embora os pesquisadores ainda não tenham uma resposta conclusiva, essa pode não estar muito longe e as futuras missões Artemis podem, finalmente, trazer os dados sísmicos que encerrarão de vez esse mistério.