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Cientistas produzem concreto mais sustentável com resíduo amazônico

O murumuru já era utilizado para fins cosméticos, mas, agora, a casca antes rejeitada pode ajudar a reduzir os impactos da indústria civil

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 set 2023, 07h00

Na região amazônica existe uma árvore, com um fruto de mesmo nome, chamada de murumuru. Abundante, ela é utilizada na alimentação dos povos locais, mas o extrativismo é voltado para a obtenção do seu óleo, valioso na indústria cosmética. A casca que sobra da extração não tinha utilidade e por isso era queimada e descartada. Mas, agora, um grupo de pesquisadores descobriu uma possível aplicação desse resíduo na indústria civil – e o melhor, com impacto positivo para o meio ambiente. 

De acordo com o trabalho, publicado nesta sexta-feira, 15, na Revista IBRACON de Estruturas e Materiais, as cinzas da casca do murumuru podem ser uma alternativa ao cimento na produção do concreto. Essa substituição gera um produto final mais sustentável. Isso acontece porque além de diminuir a quantidade de resíduos, ele reduz as emissões de gases do efeito estufa promovidas pelo ingrediente original, um dos principais responsáveis pela pegada de carbono da indústria civil. 

No estudo, 6% da massa de cimento foi substituída pelas cinzas do murumuru e o resultado surpreendeu. Ao ser misturado com os outros produtos, ele é capaz de preencher os poros do concreto e diminuir a interação com agentes reativos, aumentando a resistência e a durabilidade do material. 

CONCRETO SUSTENTÁVEL - Murumuru: material foi produzido utilizando resíduo agroindustrial
CONCRETO SUSTENTÁVEL – Murumuru: material foi produzido utilizando resíduo agroindustrial (Milleno Souza/Divulgação)

E os benefícios não param por aí. “Essa alternativa pode ajudar na economia, reduzindo os gastos de extração das matérias primas principais do cimento, além de fomentar as cooperativas agroindustriais e fortalecer as comunidades locais amazônicas”, afirmou a VEJA o pesquisador da Universidade Federal do Pará e autor principal do artigo, Milleno Souza

Anualmente, de acordo com o censo agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são extraídas 253 toneladas deste fruto nos estados da região Norte. Quase metade dessa massa, no entanto, corresponde à casca, demonstrando o potencial de utilização, ao menos em escala local – um incremento importante para a ascendente bioeconomia

No futuro, o pesquisador continuará investigando as cinzas do murumuru para melhorar o desempenho do material e investigará outros produtos com o mesmo potencial. “Há outros resíduos agroindustriais que podem ser explorados, como o bagaço da cana-de-açúcar, o caroço de açaí e a casca do arroz”, afirma Souza. “As matérias primas originais do cimento podem ficar escassas daqui um tempo, então é importante, desde já, economizarmos esses preciosos recursos naturais.”

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