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Cientistas encontram fóssil do maior animal que já viveu na Terra

Com 20 metros de comprimento e 340 toneladas, espécime podia chegar ao triplo do peso da Baleia Azul, reconhecida hoje como o mamífero mais massivo do mundo

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 ago 2023, 12h18 - Publicado em 2 ago 2023, 12h01

30 milhões de anos, quando o deserto na costa do Peru ainda era coberto pelo que se conhece hoje como Oceano Pacífico, um gigante habitava os litorais do país. Com 20 metros de comprimento, até 340 toneladas e uma cabeça desproporcionalmente pequena, esse pode ter sido o maior animal que já viveu no planeta Terra. A descoberta foi divulgada nesta quarta-feira, 2, em um estudo científico.

Há décadas um grupo internacional de cientistas investiga o deserto em busca de fósseis, mas a grande surpresa só apareceu em 2010. “Assim que os colegas começaram a desenterrar as vértebras, ficou claro que estávamos lidando com algo excepcional — certamente um recorde”, afirmou a VEJA o autor sênior do artigo publicado na Nature, Eli Amson, do Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha. 

Chamado de Perucetus colossus, nome científico para baleia colossal do Peru, o animal pertencia à família dos Basilosauridae, os primeiros cetáceos (grupo de mamíferos que também inclui os golfinhos) completamente aquáticos de que se tem notícia. O longo comprimento não foi exatamente uma novidade, mas essa é a primeira evidência de que eram também tão pesados. 

O maior animal conhecido hoje é a baleia-azul, podendo ultrapassar 20 metros de comprimento e 150 toneladas. Diferentemente desses graciosos gigantes, contudo, o P. colossus tem vértebras muito maiores — além de serem as mais densas já descobertas até hoje –, o que sugere que eles eram muito mais inchados que os cetáceos atuais, com algo entre 85 e 340 toneladas

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“Essa é uma adaptação típica de animais costeiros, o que dá essa aparência muito mais inchada do que a das baleias atuais, mas também garante que eles consigam controlar melhor a flutuabilidade e permanecer em águas mais superficiais”, diz Amson. Essa é a primeira diferença entre ele e as baleias atuais, presentes em águas mais profundas e distantes da costa. 

Apesar do tamanho descomunal, essa característica os torna nadadores pouco ágeis e, por isso, uma alimentação baseada em peixes é pouco provável. Segundo o autor, existem algumas teorias sobre o padrão alimentar, mas “a minha favorita, embora muito especulativa, é que era um animal necrófago, alimentando-se de carcaças subaquáticas de algum outro gigante — uma visão que deve ter sido muito sombria”.

DESERTO - Vértebra: primeira evidencia do animal gigante foi descoberta em 2010
DESERTO – Vértebra: primeira evidência do animal gigante foi descoberta em 2010 (Giovanni Bianucci/Divulgação)

Outra característica curiosa dos assustadores gigantes é a cabeça inesperadamente miúda. Enquanto essa parte do corpo representa cerca de um terço da massa das maiores baleias contemporâneas, a do P. colossus não chegava a 10% do peso total do animal, uma informação que também precisará ser confirmada por estudos futuros. 

Esse achado muda completamente o conhecimento atual sobre a evolução dos cetáceos. Até agora, acreditava-se que o aparecimento dos primeiros gigantes dessa família era uma um evento recente, de cerca de 5 milhões de anos atrás, mas essa investigação mostra que eles são bem mais antigos e surgiram há pelo menos 30 milhões de anos. As vértebras encontradas estão em uma exibição temporária no Museu de Lima, na capital peruana. 

MUSEU - P. Colossus: fóssil está exposto temporariamente na capital peruana
MUSEU – P. Colossus: fóssil está exposto temporariamente na capital peruana (Rodolfo Salas-Gismondi/Niels Valencia/Divulgação)

Agora, o objetivo é continuar as escavações para encontrar fósseis mais completos, que possibilitem um melhor estudo da cabeça, por exemplo, ou a descoberta de outros animais do mesmo período. Para isso, o grupo organizou uma campanha de financiamento coletivo objetivando obter 25 mil francos suíços, o equivalente a 136 mil reais, para bancar a manutenção da pesquisa. 

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