Cientistas descobrem padaria de 3 mil anos com restos intactos de farinha
A grande encontrada sugere que o local chegou a armazenar até 3,5 toneladas do elemento e que tenha servido para produção massiva de pães
Na região oeste da Armênia fica uma dos sítios arqueológicos mais famosos do país, o Metsamor. Desde a década de 1960, cientistas exploram a região e, mais recentemente, um grupo de pesquisadores estabelecido em 2013 encontrou os resquícios de um prédio que foi queimado e cuja função, até há algumas semanas, era desconhecida. No entanto, a análise de um pó que estava espalhado pelo antigo prédio trouxe respostas.
Os arqueólogos responsáveis pela escavação acreditavam que a poeira era composta apenas por cinzas, mas uma análise recente mostrou que os sacos de resíduos coletados, na verdade, são resquícios de farinha que foram preservados por mais de 3 mil anos. O achado sugere que as ruínas pertencem ao que foi, um dia, uma grande padaria.
Encontrar resíduos orgânicos preservados por tanto tempo é uma raridade, ainda mais em quantidades tão grandes. Os pesquisadores acreditam que, devido ao vultoso volume, até três toneladas e meia da substância tenha sido armazenada no local.
Apesar da relação óbvia entre farinha e panificação, pode ser que o prédio tivesse uma outra função. Na região em que se localiza a Armênia, chamada de transcaucásia, existem registros de que o elemento era utilizado para adivinhações, o que pode alterar a atual interpretação histórica.
Independentemente disso, o prédio já teve destinações diferentes. De acordo com os arqueólogos, as estruturas da construção, que era formada por 18 colunas de madeira, são muito antigas e podem ter sido construídas entre 11 e 9 milênios a.C. Contudo, as fornalhas também encontradas no local são muito mais recentes, o que sugere que as atividades desenvolvidas no local foram readequadas ao longo do tempo.
No início da idade do metal, quando o prédio foi construído, Metsamor chegou a ocupar uma área de 100 hectares. Posteriormente, por volta de 4 mil a.C. a região voltou a ser habitada por um assentamento fortificado, mas, desta vez, muito menor, com apenas 10 hectares. Acredita-se que a região tenha se mantido economicamente ativa de maneira ininterrupta até meados do século XVII.