Calçados de Michelangelo revelam estatura provável do artista italiano
Cálculo dos pesquisadores foi feito a partir de sapatos e chinelo deixados pelo pintor e escultor, autor dos afrescos da Capela Sistina, entre outras obras

Na biografia que escreveu de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), Michelangelo – Uma Vida Épica (Cosac & Naify), o jornalista, crítico de arte e escritor britânico Martin Gayfor defende a tese de que, com pouco mais de 30 anos, ele já era era considerado o maior escultor e pintor de sua época. Realizador, entre outras obras, dos afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, e do gigante de mármore Davi, na Galeria da Academia de Belas Artes de Florença, ninguém duvidava de sua estatura artística, nem os oponentes que o consideravam avarento e arrigante, rude e vigarista. Já a física, segundo um estudo do Forensic Anthropology, Paleopathology and Bioarchaeology Research Center (Fapab), em Avola, na Itália, não era tão notável assim.
Os pesquisadores descobriram que Michelangelo tinha apenas 1m60. O cálculo foi feito a partir de calçados deixados pelo artista italiano, entre outros pertences. Foram examinados um par de sapatos de couro e um chinelo cujo outro exemplar foi roubado em 1873 – o trio faz parte do acervo do Museu Casa Buonarroti, em Florença. O projeto é o primeiro a estimar os atributos físicos de Michelangelo por meio de pertences pessoais do artista. Os autores do estudo Francesco M. Galassi e Elena Varotto situaram os calçados com base em seu estilo e material. Como os sapatos eram quase do mesmo tamanho, uma mesma pessoa provavelmente os teria utilizado.

Hoje, a altura média de um homem italiano é de pouco mais de 1m72. Mas, 500 anos atrás, os homens europeus eram, em média, um pouco mais baixos do que os atuais. Em Vidas dos Artistas, Giorgio Vasari descreve Michelangelo como tendo “altura média, ombros largos, mas o resto de seu corpo em boas proporções”. Os pesquisadores não foram capazes de examinar os restos mortais do pintor, que repousam na Basílica de Santa Croce, em Florença. “Uma exumação incluindo uma análise antropológica e paleopatológica completa dos restos mortais de Michelangelo (…) poderia finalmente confirmar a precisão de várias hipóteses sobre suas características corporais e traços patológicos”, escrevem os autores do estudo. É improvável, no entanto, que isso aconteça tão cedo.