Busca por submersível desaparecido entra em fase crítica
Embarcação submarina da OceanGate Expeditions deve chegar ao fim da reserva de oxigênio em poucas horas
A busca pelo submersível desaparecido em uma expedição para ver os destroços do Titanic, no Atlântico Norte, se aproximou da marca crítica nesta quinta-feira, 22, Estima-se que o Titan tinha cerca de quatro dias de reserva de ar quando foi lançado ao mar na manhã de domingo, 18. Isso coloca o prazo para encontrar e resgatar o submarino aproximadamente entre 6h e 8h, com base nas informações fornecidas pela Guarda Costeira dos EUA e pela OceanGate Expeditions, empresa por trás da expedição.
Especialistas enfatizaram que é uma estimativa imprecisa e pode ser estendida se os passageiros tomarem medidas para conservar o ar respirável. As equipes de resgate enviaram mais navios e embarcações para o local do desaparecimento – e a Guarda Costeira dos EUA disse na quinta-feira que um robô submarino enviado por um navio canadense alcançou o fundo do mar e começou a procurar o submarino. As autoridades esperam que os sons subaquáticos possam ajudar a restringir sua busca, cuja área de cobertura foi expandida para milhares de quilômetros e em águas de 4 quilômetros de profundidade.
O submersível Titan, de 6,4 metros, operado pela OceanGate Expeditions, com sede nos Estados Unidos, começou sua descida submarina às 6h de domingo. A embarcação perdeu contato com o navio de superfície logo depois disso, durante o que deveria ter sido um mergulho de duas horas para chegar aos destroços do Titanic. A busca cobre 26.000 quilômetros quadrados de área.
O Titan foi projetado para permanecer submerso por 96 horas, de acordo com suas especificações. Isso daria a seus ocupantes ar suficiente até aproximadamente 6h da quinta-feira, se permanecesse intacto. Especialistas disseram que uma série de fatores afetou esse prazo, incluindo se ainda haveria energia.
As autoridades informaram que iniciaram as buscas no domingo, dia 18, à noite, em águas cerca de 700 quilômetros ao sul de St. John’s, Newfoundland. Estão a bordo um piloto, um britânico, um empresário paquistanês e seu filho, além de outro passageiro. “É uma área remota, o que torna a busca um desafio”, disse o contra-almirante John Mauger, comandante da Guarda Costeira dos EUA, envolvido na força-tarefa.
O quebra-gelo canadense Polar Prince, que estava apoiando o Titan, teria perdido contato com o submersível cerca de uma hora e 45 minutos depois de submergir, no domingo, às 6h. O navio continuará a fazer buscas na superfície durante a noite e as aeronaves canadenses de reconhecimento Boeing P-8 Poseidon retomarão suas buscas na superfície pela manhã, informou a Guarda Costeira dos EUA no Twitter. Duas aeronaves americanas, Lockheed C-130 Hercules, também realizaram sobrevoos.
A Guarda Costeira disse na segunda-feira que havia um piloto e quatro “especialistas de missão” a bordo. Pilotando a embarcação estava Stockton Rush, que fundou a OceanGate em 2009 para fornecer submersíveis tripulados para pesquisadores e exploradores submarinos, de acordo com o site da empresa.
O empresário britânico Hamish Harding, que mora em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi um dos especialistas da missão, segundo a Action Aviation, empresa da qual ele é presidente. Harding é um aventureiro bilionário que detém três Guinness World Records, incluindo a maior duração em profundidade total do oceano por um navio tripulado.
Também a bordo estão os paquistaneses Shahzada Dawood e seu filho Suleman, de acordo com um comunicado da família. Os Dawoods pertencem a uma das famílias mais proeminentes do Paquistão. Sua empresa homônima investe em todo o país na agricultura, na indústria e no setor de saúde. O empresário também faz parte do conselho de administração do Instituto Seti, com sede na Califórnia, que busca inteligência extraterrestre.
O quinto tripulante é Paul-Henry Nargeolet, um ex-oficial da marinha francesa considerado um especialista em Titanic depois de fazer várias viagens aos destroços ao longo de várias décadas. Ele é diretor de pesquisa subaquática do E/M Group e RMS Titanic Inc., completou 37 mergulhos no naufrágio e supervisionou a recuperação de 5.000 artefatos, de acordo com o perfil de sua empresa.
A expedição foi a terceira viagem anual da OceanGate a registrar a deterioração do Titanic, que atingiu um iceberg e afundou em 1912, matando quase 700 dos cerca de 2.200 passageiros e tripulantes. O grupo inicial de turistas em 2021 pagou de 100.000 a 150.000 dólares cada um para ir na viagem. O site da OceanGate descreveu a “taxa de apoio à missão” para a expedição de 2023 como 250.000 dólares por pessoa.
Em nota enviada a VEJA, a OceanGate disse que não conseguiu estabelecer comunicação com o veículo de exploração submersível que está visitando o local do naufrágio do Titanic: “Todo o nosso foco está no bem-estar da tripulação e todas as medidas possíveis estão sendo tomadas para trazer os cinco tripulantes de volta com segurança. Somos profundamente gratos pela assistência urgente e extensa que estamos recebendo de várias agências governamentais e empresas de águas profundas enquanto buscamos restabelecer contato com o submersível. Rezamos pelo retorno seguro da tripulação e dos passageiros e forneceremos atualizações assim que estiverem disponíveis”.