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Buraco Negro mais faminto já detectado consome um Sol por dia, diz estudo

Com uma massa de cerca de 17 bilhões de vezes a do nosso Sol, fenômeno cósmico é uma raridade

Por Marília Monitchele Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 Maio 2024, 17h10 - Publicado em 19 fev 2024, 15h34
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  • Imagine acordar com a fome capaz de devorar um Sol a cada dia. Parece exagero? Para um buraco negro supermassivo recém-descoberto, esse apetite insaciável é uma realidade. No coração de uma galáxia quasar chamada J0529-4351, esse vórtice faminto engole gás e poeira de forma voraz, acumulando matéria equivalente a um Sol diariamente. Com uma massa colossal de cerca de 19 bilhões de vezes a do nosso Sol, esse fenômeno cósmico é uma raridade digna de espanto.

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    Quasar J0529-4351, visto no Dark Energy Survey, sendo bombardeado por uma estrela anã vermelha em primeiro plano – (Wolf et al., Nat. Astron., 2024/Reprodução)

    Pesquisadores da Universidade Nacional Australiana, responsáveis por um estudo recentemente publicado na revista Nature, confirmam que este é o buraco negro mais ávido que já conheceram. O mais incrível? Ele continua a crescer, aproximando-se do limite máximo de massa que pode acumular. Esse achado singular oferece uma oportunidade para entendermos os mistérios por trás do crescimento e evolução dos buracos negros supermassivos, ampliando o conhecimento que temos sobre o universo.

    Os enigmas cósmicos dos buracos negros

    Esses gigantes representam um enigma para os astrônomos. Com massas milhões a bilhões de vezes maiores que a do Sol, os buracos negros supermassivos frequentemente se tornam o epicentro de galáxias distantes, exercendo um domínio gravitacional implacável sobre o seu entorno. No entanto, como esses gigantes cósmicos alcançam tais proporções e até onde podem crescer são questões que ainda intrigam os cientistas. A descoberta de J0529-4351, que surgiu há cerca de 1,5 bilhão de anos após o Big Bang – sua luz viajou durante mais de 12 bilhões de anos para chegar até nós -, lança novas possibilidades de respostas para essas questões. 

    Este colossal buraco negro devora aproximadamente 370 sóis por ano. Segundo os pesquisadores australianos, esse apetite insaciável está beirando o limite máximo de estabilidade, conhecido como limite de Eddington. Quando atinge esse ponto crítico, a pressão da radiação se torna tão intensa que começa a repelir, ao invés de atrair, o material ao redor do buraco negro. Isso significa que o buraco negro que alimenta J0529-4351 está crescendo tão rápido quanto pode e, embora outros buracos negros estejam próximos do limite de Eddington, este é o mais o mais brilhante e voraz que já vimos, podendo trazer detalhes inéditos sobre o funcionamento desses colossos cósmicos. 

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    Perspectivas Futuras

    Por meio da análise detalhada da luz emitida pelo quasar, os cientistas esperam desvendar mais detalhes sobre o crescimento e evolução desses buracos negros supermassivos. Além disso, estudos futuros, utilizando instrumentos avançados como o Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array no Chile, prometem revelar informações preciosas sobre o movimento do gás na galáxia hospedeira e seu comportamento dinâmico.

    Embora exemplos tão extremos como J0529-4351 sejam raros, os cientistas acreditam que há mais desses fenômenos extraordinários aguardando para serem descobertos nos confins do universo. O estudo desses quasares supermassivos não apenas desafia nossas concepções atuais sobre a formação e crescimento de buracos negros, mas também oferece um vislumbre dos processos cósmicos mais extremos que moldam o universo.

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