Astrônomos identificam misterioso objeto celeste e descobrem galáxia
Com a ajuda do maior projeto astronômico terrestre, pesquisadores descobriram a galáxia jovem, escura, que produz estrelas em velocidade surpreendente

Existe um objeto celeste misterioso e extremamente remoto, com um sexto do tamanho do nosso, situado em um universo ainda “jovem”, com cerca de 2 bilhões de anos, tão escuro que é praticamente invisível, mesmo para os instrumentos mais avançados disponíveis no momento. Sua natureza tem sido debatida pelos astrônomos, e suas características foram finalmente descritas em um estudo publicado no periódico científico The Astrophysical Journal.
O corpo escuro e compacto, oculto por grandes quantidades de poeira estelar, é uma galáxia jovem que forma estrelas em uma velocidade surpreendente (cerca de 1000 vezes a taxa da Via Láctea). A descrição dessa galáxia contribui para revelar mais sobre esse objeto distante e indicar novas abordagens para o estudo de outros corpos celestes escuros e com características similares. Pode ainda ajudar no desenvolvimento de modelos avançados de formação e evolução de galáxias.
As observações só foram possíveis graças ao Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), telescópio de última geração usado para estudar a luz de alguns dos objetos mais frios do Universo. Ele compreende 66 antenas de altíssima precisão, espalhadas por distâncias de até 16 quilômetros. É o maior projeto astronômico terrestre existente atualmente e fica situado nos Andes chilenos. Seus levantamentos contribuíram para a identificação das propriedades de um dos objetos mais misteriosos do Universo.
O método de observação que tornou o estudo possível foi a chamada lente gravitacional, que se relaciona com o teorizado por Albert Einstein em 1915. O princípio é relativamente simples: objetos com grandes massas distorcem a luz vinda de fontes mais distantes. Essa interação produz uma espécie de efeito lupa, fazendo com que as imagens das galáxias de fundo sejam ampliadas. Na última década, muitos programas de observação foram realizados com essa abordagem. A equipe envolvida no estudo acredita que, no futuro, o Telescópio Espacial James Webb poderá trazer ainda mais novidades sobre esse corpo celeste.
Em comunicado à imprensa, Andrea Lapi, co-autor do estudo, ressaltou a importância da descoberta. “Galáxias distantes, jovens, compactas, caracterizadas por vigorosa formação de estrelas, e em grande parte obscurecidas por poeira, e que possuem um riquíssimo reservatório de gás, são precursores das galáxias quiescentes massivas que vemos no Universo local e, portanto, fornecem informações muito valiosas sobre os processos que levam à formação e evolução dessas estruturas durante a história do Cosmos”, afirmou.