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As origens de Pokémon Go: a caça aos insetos

Jogo popular entre as crianças do Japão inspirou o jogo - e pode ser um alerta para o desaparecimento dos pequenos animais em todo o planeta

Por Talissa Monteiro Atualizado em 4 ago 2016, 15h04 - Publicado em 16 jul 2016, 20h11

Para quem começou a jogar Pokémon Go, sair pela cidade procurando pequenos animais é apenas uma diversão – mas a ideia por trás dessa “caça” esconde um grave problema ambiental: o sumiço dos insetos.

Para compreender o conceito do jogo é preciso ir às origens de Pokémon, que está ligado a uma brincadeira popular entre as crianças do Japão, onde o game foi criado: a caça aos insetos. Satoshi Tajiri, o criador da franquia, adorava ir atrás dos bichos quando era pequeno. Na escola, ele era conhecido como o “Sr. Inseto” e tinha o desejo de ser um entomologista (o cientista que estuda os insetos). O designer de jogos não tinha dificuldades para encontrar os pequenos animais na cidade onde cresceu, perto de Tóquio, mas, com a expansão da capital japonesa, os insetos se tornaram cada vez menos numerosos. Ao crescer, Tajiri também passou a ser um aficionado por games. Pokémon, criado em 1995, foi a maneira que encontrou para reunir as duas paixões.

“Lugares para coletar insetos são raros por causa da urbanização. As crianças brincam dentro de suas casas agora. Por isso eu criei o jogo”, explicou à revista Time, em 1999. O último lançamento da franquia, o jogo de realidade aumentada, Pokémon Go, disparou as ações da Nintendo. Seu sucesso se deve, em parte, à volta do jogo às suas raízes – e, assim, à coleta de quantidades cada vez menores de insetos.

Papel dos insetos

No jogo, os animais são fictícios. Mas no mundo real, diversos estudos apontam que estão ameaçadas abelhas, borboletas e outros polinizadores importantes para a manutenção da biodiversidade e produção de alimentos no planeta. Um estudo de 2014, publicado na revista Science, mostrou que a população de invertebrados teve uma queda de 45% durante as últimas quatro décadas.

Nos Estados Unidos, o número de abelhas caiu pela metade. Na Alemanha, a quantidade de borboletas estudadas por um grupo alemão diminuiu de 117, em 1840, para 71, em 2013. Ainda não há um consenso sobre os motivos do sumiço. Dentre os principais, porém, estão a mudança climática, a urbanização (que resulta na perda de habitat dos insetos) e o uso de pesticidas.

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Se o problema persistir, populações inteiras podem ficar sem comida. As abelhas, por exemplo, asseguram o cultivo de 35% das lavouras e a existência de 94% das plantas silvestres do mundo. “Muitas frutas, vegetais, oleaginosas e sementes que proveem nutrientes vitais para a dieta humana no mundo, incluindo mais de 90% da nossa vitamina C, são polinizadas por insetos”, afirma estudo da associação britânica Natural Environment Research Council (NERC, na sigla em inglês) que buscou compreender as causas do declínio dos animais.

Além disso, os insetos são importantes para assegurar a biodiversidade que, segundo estudo da revista Science, publicado na edição da última sexta-feira, está abaixo do “limite seguro” em 58% da superfície terrestre. Com poucas espécies disponíveis, a manutenção de diversos ecossistemas do planeta é colocado em risco. Segundo cálculo feito pelos cientistas, um ecossistema deve preservar até 90% da biodiversidade para manter seu funcionamento – o número está em 84,6%.

Com Pokémon Go, os jogadores de hoje podem ter uma amostra do que seria uma autêntica “caça” aos pequenos animais. Recordar  suas origens pode ser uma boa forma de chamar a atenção para a queda do número dos insetos e o importante papel que têm para o planeta.

 

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