Arqueólogos amadores encontram palácio perdido da Dinastia Tudor
Palácio Collyweston, casa da mãe de Henrique VII, foi descoberto por grupo de mais de 80 voluntários

Há cinco anos, um grupo de arqueólogos amadores da Sociedade Histórica e de Preservação de Collyweston (Chaps, na sigla em inglês), em Northamptonshire, Inglaterra, embarcou em uma missão audaciosa: desenterrar os vestígios quase míticos, há muito perdidos, de um Palácio Tudor. A morada tinha pertencido a Lady Margaret Beaufort, mãe de Henrique VII. O que parecia loucura à primeira vista acabou se tornando um achado arqueológico sem precedentes.
Liderados por Chris Close, presidente da Chaps, um grupo formado por mais de 80 membros, que abrange adolescentes até pessoas na faixa dos 70 e 80 anos, enfrentou desafios significativos. Sem grandes recursos financeiros, experiência formal ou planos detalhados, eles se lançaram na busca pelos restos da construção. Envolto em mitologia local, os caçadores partiram de contos populares e boatos para delimitar uma área de busca. “Muitos de nós fomos criados na aldeia, e você ouve falar desse palácio perdido e se pergunta se é um mito ou se é real. Então, queríamos apenas encontrá-lo”, disse Chris Close ao jornal britânico The Guardian.

Tentativas anteriores nas de 1980 e 90 haviam falhado, limitadas pela ausência de aparato tecnológico, mas a persistência, o trabalho árduo e uma ajudinha de aparelhos de GPS e Geo-radar, enfim, culminaram na descoberta das paredes do Palácio de Collyweston, em março deste ano, embora a notícia do achado só tenha sido compartilhada com público há poucos dias. A revelação do marco histórico perdido há séculos trouxe à tona um fascinante capítulo da história tudoriana.
O Palácio de Collyweston testemunhou eventos notáveis, desde as celebrações pré-casamento de Margaret Tudor com Jaime IV da Escócia em 1503 até a presença registrada de Henrique VIII em outubro de 1541, durante seu reinado, passando por visitas de Elizabeth I e até mesmo de Elizabeth II, que embora não tenha visto o palácio, visitou o terreno onde ele fora construído.
Apesar de ter vivido tempos áureos no século XV, a construção mal sobreviveu ao século seguinte, sobrando poucos vestígios de sua existência, o que dificultou a localização das antigas estruturas. O grupo de amadores usou tecnologias modernas, como pesquisas geofísicas e radar de penetração no solo (GPR), para mapear as fundações antes de obter permissão para escavar os jardins.
Historiadores da Universidade de York validaram as descobertas, identificando o palácio através de molduras de pedra. Em uma última fase, os arqueólogos planejam usar radares para mapear os edifícios que constituíam o palácio e suas finalidades. A expectativa é que isso ajude a elaborar o estilo da construção trazendo luz aos aspectos cotidianos da vida palaciana do século XV.
O projeto, cujo esboço foi apresentado pela primeira vez em março de 2018, deve seguir em andamento até o segundo semestre de 2024, e até agora custou cerca de 13.000 libras (80.000 reais), uma fração do valor de uma escavação, que pode chegar a até 90.000 libras (554.000 reais).
Eventos Históricos comprovadamente ocorridos no Palácio
- 1485: Henrique VII ascende ao trono da Inglaterra e lega a mansão de Collyweston à sua mãe, Lady Margaret Beaufort, condessa de Richmond e Derby.
- 1499: Lady Margaret, após adquirir Collyweston, faz voto de castidade, e a mansão passa por melhorias e expansões significativas.
- 1503: Henrique VII garante um acordo de paz com os escoceses ao casar sua filha, Margaret Tudor, com Jaime IV da Escócia. As celebrações pré-casamento ocorrem em Collyweston, com melhorias na casa para acomodar o Rei.
- 1509: Henrique VII morre, e Henrique VIII, ainda jovem, torna-se rei. Lady Margaret atua como regente até Henrique atingir a maturidade.
- 1509: Collyweston volta para as mãos da Coroa. Henrique VIII realiza o Tribunal em Collyweston em 1541.
- Durante o reinado de Henrique VIII: Collyweston é legado a Ana Bolena, que pode ter visitado a mansão.
- Após a morte de Ana Bolena: A mansão é concedida a Henry Fitzroy, filho ilegítimo de Henrique VIII, que se hospeda em Collyweston em 1535.
- 1566: A Rainha Elizabeth I é registrada em Collyweston. Ela pode ter visitado a mansão várias vezes ao longo dos anos, conforme indicado por registros de reparos.
- 2012: A Rainha Elizabeth II faz uma última visita real a Collyweston durante seu tour pela área, viajando de Stamford a Corby.